Na Cúpula do Mercosul realizada nesta sexta-feira (6), em Montevidéu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a conclusão das negociações do Acordo de Parceria entre o Mercosul e a União Europeia, marcando um dos momentos mais significativos da integração entre os dois blocos. O evento reuniu líderes sul-americanos e europeus, incluindo o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Conquista histórica
Lula classificou o dia como um marco diplomático, resultado de quase três décadas de negociações. O acordo unirá economias que juntas somam mais de 700 milhões de pessoas e um PIB de US$ 22 trilhões.
“Estamos criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Esse acordo reflete o compromisso de ambos os blocos com a integração econômica e o desenvolvimento sustentável”, afirmou o presidente.
Ele destacou que o texto final do acordo contempla avanços em temas fundamentais, como o fortalecimento das indústrias locais, a preservação ambiental e a abertura de novos mercados para produtos agrícolas, entre eles carne bovina, frango, açúcar e etanol. Segundo Lula, as condições atuais do acordo são muito mais equilibradas em relação às negociações de 2019, garantindo maior proteção aos interesses do Mercosul.
Sustentabilidade e agropecuária
Lula ressaltou o papel do Mercosul como líder global na produção de alimentos e na segurança alimentar. Ele defendeu a qualidade e os padrões ambientais dos produtos agropecuários do bloco.
“Não aceitaremos difamações contra a reconhecida qualidade e segurança dos nossos produtos. Propomos a criação do ‘Mercosul Verde’, um programa para promover a agricultura de baixo carbono e exportações agrícolas sustentáveis.”
O presidente também enfatizou a urgência em combater os impactos das mudanças climáticas, reforçando o compromisso do Brasil com as metas de redução de emissões e a transição energética. Ele convidou os países do Mercosul e da União Europeia a apresentarem metas ambiciosas para a COP30, que será sediada em Belém, no Pará, em 2025.
Outro destaque foi a ampliação do Mercosul com a entrada da Bolívia como Estado Parte e a inclusão do Panamá como Estado Associado. Lula destacou que o bloco se torna a sétima maior economia do mundo, com um PIB combinado de quase US$ 3 trilhões.
O presidente mencionou ainda iniciativas para fortalecer a infraestrutura regional, como o projeto “Rotas da Integração Sul-Americana”, que prevê investimentos em 190 obras para facilitar o comércio entre os países do Mercosul e seus vizinhos, conectando o Atlântico ao Pacífico.
Lula também reforçou o papel do Mercosul na defesa da democracia e dos direitos humanos. Ele propôs maior envolvimento da sociedade civil nos debates do bloco e o fortalecimento de instituições como o Instituto Social e o Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Mercosul.
A Cúpula encerrou com um chamado à cooperação e à solidariedade entre os países-membros, reiterando o compromisso de promover o crescimento sustentável e a inclusão social na região. Lula destacou a importância do diálogo e da cooperação como pilares para superar desafios globais e regionais.
“O Mercosul é, e continuará sendo, componente central da inserção internacional do Brasil. Contem conosco para fortalecê-lo ainda mais”, concluiu.