O que é agricultura orgânica? Como ela se conecta com a agricultura biodinâmica, a agricultura natural, a agricultura regenerativa e a agroecologia? Quais os princípios, como é regulamentada e como pode ser certificada? Essas são algumas das perguntas respondidas pelo curso on-line “Produção Orgânica: princípios e regularização”, que acaba de ser disponibilizado pela Embrapa Territorial na plataforma e-Campo. Com 22 horas de duração, a capacitação é gratuita e oferece certificado a quem concluí-lo e obtiver média superior a 70% nas avaliações.
“O curso se destina aos produtores rurais e demais interessados que desejam conhecer conceitos, princípios e as principais ações para a regularização da produção de orgânicos no Brasil”, explica a pesquisadora Cristina Criscuolo, coordenadora do projeto na Embrapa Territorial e uma das instrutoras da capacitação.
O treinamento é composto por quatro módulos. No primeiro deles, a pesquisadora Gisele Vilela, da Embrapa Territorial, apresenta conceitos e o histórico dos movimentos que originaram a agricultura orgânica. Além das aulas ministradas, a capacitação traz vídeos com a visão de lideranças ligadas à agricultura orgânica, biodinâmica, natural, agroecológica e regenerativa. Contém também entrevistas com agricultores que praticam algumas dessas modalidades de produção.
“Desejávamos trazer depoimentos que expressassem a vivência e aprendizado nos principais modelos de uma agricultura de base ecológica”, afirma Vilela. Ela explica que o conteúdo central do curso apresenta referências de estudos científicos que corroboram com os princípios e práticas da agricultura orgânica. Além disso, ela complementa, a equipe também queria apresentar algo sobre algumas correntes em agricultura de base ecológica. “Muitas dessas correntes estão embasadas em princípios éticos e filosóficos e que através dos últimos séculos acumularam conhecimento prático e teórico. Para falar sobre estas correntes e os conhecimentos associados, nada melhor do que as lideranças e agricultores que norteiam suas vidas com estes princípios e práticas há muitos anos”, comenta.
O segundo módulo trata dos princípios e das práticas recomendadas para manejo do solo e das culturas. O terceiro explora as normativas relacionadas à produção orgânica no Brasil. Aborda também os tipos de certificação disponíveis e as opções existentes de acordo com o perfil e necessidade dos agricultores. No último módulo, Criscuolo mostra como utilizar a Organoteca, uma ferramenta em que se pode buscar tecnologias da Embrapa aplicáveis na produção orgânica, além de vídeos, cartilhas, programas de rádio e outras publicações técnicas. Outra ferramenta apresentada é uma planilha de custos voltada para o gerenciamento de propriedades rurais de pequeno porte. O recurso é apresentado pelo pesquisador Juan de Souza, da Embrapa Territorial, que a elaborou. Tanto a planilha quanto a Organoteca integram o ambiente virtual Pró-Orgânico, lançado em 2023.
Uma vez realizada a inscrição, o usuário terá acesso às videoaulas e a outros conteúdos, podendo acessá-los em qualquer horário, pelo computador, tablet ou smartphone, na plataforma e-Campo. Esta oferece mais de 100 capacitações gratuitas e já emitiu mais de 150 certificados.
Experiência transformada em capacitação
Além de conteudista, a pesquisadora Gisele Vilela assumiu o papel de designer instrucional do curso e se valeu, nessa missão, das experiências com produção orgânica em diferentes momentos da sua carreira como engenheira agrônoma. O interesse começou ainda na graduação em Agronomia, no final da década de 1980, com a participação em grupos dedicados ao tema e a motivação dos livros de Ana Maria Primavesi – precursora da agroecologia no Brasil e pesquisadora sobre produção orgânica.
Vilela foi uma das sócias-fundadoras da Associação de Agricultura Orgânica, em São Paulo, a primeira organização voltada à temática. Já formada, atuou na assistência técnica a agricultores do Sul de Minas Gerais que buscavam adotar práticas sustentáveis. “Havia um movimento no Brasil de algumas organizações para prestar assessoria a pequenos produtores, no que se chamava de agricultura alternativa, na época”, relata. “Nós organizávamos fóruns nacionais e os agricultores eram incentivados a serem experimentadores, fazíamos experimentação e seleção de variedades dentro das propriedades, junto com os agricultores. Foi um aprendizado muito grande”, lembra.
A pesquisadora também trabalhou durante oito anos no Instituto Biodinâmico, uma das maiores instituições de certificação de produtos orgânicos do País.
Na Embrapa Territorial, está liderando o segundo projeto voltado ao segmento. No primeiro, já concluído, foram desenvolvidos formulários digitais para certificação da produção orgânica, além do ambiente digital Pró-Orgânico. O novo projeto deve aprimorar e ampliar o uso dos formulários que, além de facilitar o trabalho de preenchimentos por parte dos produtores, permitem gerar um banco de dados sobre o setor.
Vilela diz que já vinha pensando em formas de difundir informações sobre a produção orgânica e a ideia do curso foi oportuna. “Observo falta de informações a respeito do que é realmente a produção orgânica, há um certo desconhecimento sobre os princípios que levaram a normativa a ser como ela é”, diz. Anteriormente, ela ministrou cursos online sobre o tema para a Prefeitura de Campinas, no período em que foi representante da Embrapa Territorial no Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsan) do município.
Fonte: Embrapa
Fique por dentro das principais notícias do Agro no Brasil e no mundo!
Siga o Agromais nas redes sociais: Twitter | Facebook | Instagram | YouTube.
Tem uma sugestão de pauta? Nos envie pelo e-mail: agromaisproducao@gmail.com.
Acompanhe nossa programação 24 horas na TV — Claro: Canal 189 e 689 | Sky: Canal 569 | VIVO: 587