Uma delegação com cerca de 30 representantes do Congresso Nacional do Povo (NPC) da China e da Embaixada no Brasil visitou a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) na tarde de sexta-feira (09). Eles foram conhecer a estrutura e prioridades de pesquisa da unidade da Embrapa e discutiram sobre fortalecer uma relação entre os países no âmbito da ciência.
Entre os visitantes estiveram Wu Weihua, vice-presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (NPC); Yang Zhenwu, presidente do Comitê de Assuntos de Desenvolvimento Social do NPC; Deng Xiuxin, vice-presidente do Comitê de Agricultura e Assuntos Rurais do NPC e Wang Chunfa, membro do Comitê de Educação, Ciência, Cultura e Saúde Pública do NPC e também membro do Grupo de Amizade China-Brasil do NPC. Wu Weihua tem destacada carreira acadêmica e científica, com doutorado em Ciências Vegetais e atuou como professor e pesquisador na área agrícola. Ele conduziu o grupo de visitantes e manifestou muito interesse na estrutura e pesquisas da Embrapa.
O grupo foi recebido por Alderi Araújo, diretor-executivo de Governança e Informação (foto ao lado), naquele momento presidente em exercício da Embrapa, e Marcelo Lopes da Silva, chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. As falas de todos convergiram em torno da necessidade de intensificar a colaboração bilateral, especialmente em agricultura e no desenvolvimento de soluções para desafios globais, como as mudanças climáticas.
Banco genético e biotecnologia
No Banco Genético, o grupo chinês foi conduzido pelo pesquisador Juliano Pádua. Na biotecnologia, foram conduzidos pela pesquisadora Ana Brasileiro. O Banco Genético da Embrapa, uma das maiores iniciativas de conservação de recursos genéticos do mundo, desempenha papel fundamental na preservação da biodiversidade para as gerações futuras. O banco conta com uma coleção de sementes, sêmen, embriões e microrganismos, todos mantidos em condições rigorosamente controladas. Esse acervo, com 125 mil acessos de material genético, é fundamental para a criação de variedades agrícolas mais adaptadas às adversidades climáticas, um tema de particular interesse para ambos os países. Essas amostras são armazenadas em câmaras frias e, periodicamente, passam por testes de viabilidade para garantir sua qualidade ao longo do tempo. Este acervo tem o potencial de impulsionar avanços no melhoramento genético de plantas e animais, possibilitando cultivares mais produtivas, resistentes e adaptadas às mudanças climáticas.
No prédio de Biotecnologia da unidade, a Embrapa realiza processos avançados de conservação in vitro e criopreservação, essenciais para espécies que não produzem sementes ou que precisam de métodos de propagação vegetativa. Esse complexo inclui laboratórios equipados para conservar partes de plantas, células somáticas, e tecidos de animais, além de uma vasta coleção de microrganismos, que auxiliam na fertilidade do solo e no controle biológico de pragas. Essas tecnologias são vitais para a segurança alimentar e a sustentabilidade agrícola, assegurando que a diversidade genética esteja disponível tanto para a pesquisa quanto para a preservação ambiental.
Aproximação em cooperação científica
O diretor Alderi Araújo destacou a relevância econômica e política da China para o Brasil e como potencial aliado científico.
“A China é nosso maior parceiro comercial, e é muito importante que tenhamos uma aproximação maior em termos de cooperação científica. Nosso último contrato com a China se encerrou em 2014, e é essencial discutir não apenas o comércio, mas também a ciência. Há um enorme potencial para fortalecer esses laços, especialmente no contexto das mudanças climáticas, um desafio global que ambos os países enfrentam”, afirmou Araújo.
Ele acredita que a colaboração científica com a China pode abrir novas oportunidades para o Brasil, além de ajudar a impulsionar a inovação e a sustentabilidade na produção agrícola nacional.
O chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcelo Lopes da Silva, falou sobre a dimensão técnica e científica da cooperação, ressaltando a conservação de germoplasma, um recurso vital para o desenvolvimento de novas variedades agrícolas.
“A China é um importante parceiro econômico e comercial. Nós temos armazenado muito material genético chinês e existe uma grande possibilidade de intercâmbio de germoplasma. Isso seria benéfico para ambos os países, considerando que a China é o berço de várias culturas importantes, como a soja e o arroz, e possui vasta experiência em técnicas de cultivo, inclusive com cogumelos, que já trouxeram avanços significativos para o Brasil”, explicou Silva.
Alderi Araújo explica que o momento é promissor para a ampliação da colaboração científica entre Brasil e China. E reforçou a necessidade de “uma relação mais próxima em termos de colaboração, independentemente de qualquer evento que possa acontecer no Brasil.”
Esse alinhamento estratégico, segundo ele, é essencial para a promoção do conhecimento científico e para o fortalecimento de políticas sustentáveis no setor agropecuário.
Fonte: Embrapa
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