O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participou da Bloomberg New Economy, nesta terça-feira (23), em São Paulo. Na ocasião, destacou o esforço do Brasil em reestabelecer as relações diplomáticas globais, visando a acessar mercados cada vez mais exigentes e, assim, criar oportunidades no comércio exterior para os produtos do agronegócio brasileiro.
“O Brasil tem dado passos fundamentais para conquistar novos mercados. Com a volta do presidente Lula ao comando do país, ele reestabeleceu as boas relações diplomáticas. O Brasil não tem contencioso com nenhum país do mundo. Somos um país do diálogo”, destacou Fávaro.
O ministro também ressaltou a qualidade dos produtos brasileiros, o que facilita o acesso ao mercado externo.
“Nosso sistema sanitário é muito eficiente e nossos produtos são de alta qualidade. Um exemplo claro é a gripe aviária, que circula pelo mundo há 15 anos, mas o Brasil é um dos dois únicos países que não têm gripe aviária em seus plantéis comerciais. Isso não é sorte, é eficiência e competência. Por isso, somos responsáveis por quase 40% do mercado mundial de frango produzido no Brasil”, afirmou.
Desde o início de 2023, o Brasil abriu 262 mercados para produtos do agronegócio, em 61 destinos. Somente em 2024, foram registradas 184 novas aberturas.
Outro ponto abordado foi a carta enviada pelo Brasil à União Europeia, solicitando a suspensão da Lei Antidesmatamento e a revisão da abordagem punitiva aos produtores que cumprem a legislação vigente.
“O problema é que essa legislação foi elaborada de forma unilateral, ultrapassando a soberania de outros países. O Brasil tem compromissos ambientais muito sérios. O governo do presidente Lula virou a chave, mostrando que o Brasil não quer mais desmatamento. Por isso, criamos o Plano Nacional de Recuperação de Pastagens”, explicou Fávaro.
O Governo Federal instituiu o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), com a meta de recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade em dez anos, o que pode praticamente dobrar a área de produção de alimentos no Brasil, sem necessidade de desmatamento.
“Nossa agropecuária tem acesso a recursos subsidiados, com 7% de juros ao ano, dois anos de carência e 10 anos para amortizar os investimentos feitos na recuperação de áreas degradadas. Assim, o produtor pode aumentar a produção sem avançar sobre a floresta”, explicou o ministro.
Além disso, um dos principais parceiros da agropecuária brasileira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), não concede financiamentos para áreas de desmatamento.
“Temos um sistema de imagens de satélites e uma parceria e não liberamos um financiamento se tiver qualquer desmatamento e, a qualquer indício de queimada e desmatamento, sustamos imediatamente o financiamento”, complementou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, durante o evento.
Aliando a preservação ambiental à produção de alimentos, o ministro destacou como a agropecuária brasileira se volta, também, à geração de energias limpas e renováveis.
“Com responsabilidade, com tecnologia, com desenvolvimento, o Brasil vem dominando a produção de commodities, mas com a preocupação, a partir de então, na geração de energia e industrialização dos nossos produtos”, salientou.
Exemplo disso, conforme Fávaro, é a produção de etanol à base de milho, cujo coproduto, conhecido como DDG/DDS, utilizando na fabricação de ração, destina-se à indústria das carnes.
“Essa é a indústria brasileira, essa é a vocação brasileira que está avançando e conquistando mercados cada vez mais exigentes, combatendo a fome no mundo e a inflação dos alimentos. Os produtos brasileiros chegam em todas as partes do mundo com altíssima qualidade e preços muito competitivos. Essa é a indústria brasileira que está inovando e avançando a partir da atividade agropecuária”, explicou.
Rota da seda
Durante a entrevista, Fávaro foi questionado sobre a posição do Brasil em relação à Nova Rota da Seda, programa liderado pela China. “O Brasil não precisa criar contenciosos. Somos um país de diálogo. No entanto, medidas protecionistas devem ser combatidas com a ampliação do leque de parceiros comerciais. Esse é o fortalecimento dos BRICS, com responsabilidade. A cooperação com os BRICS, Oriente Médio e Ásia, especialmente com a China, é uma oportunidade para superar barreiras comerciais impostas por protecionismo. Por isso, eu sou favorável à adesão do Brasil à Rota da Seda”, afirmou.
Escoamento de produção
Durante o painel, foi discutido o novo porto chinês em Chancay, no Peru, que dará acesso ao Pacífico e abrirá novas oportunidades para as exportações brasileiras. Fávaro comentou que Brasil e Ásia estão em sintonia e que existe um plano estratégico inédito.
“Estamos desenvolvendo rotas de escoamento da produção brasileira de leste a oeste. Algumas rotas utilizam a navegação pelo Amazonas, enquanto outras aproveitam ferrovias e rodovias que conectam o Brasil à Bolívia, Peru ou Colômbia. Esse avanço aumenta a competitividade do Brasil, especialmente no setor de commodities, e torna as relações comerciais ainda mais eficientes”, concluiu.
Fonte: Mapa
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