Mais de uma tonelada de legumes e hortaliças foram doadas pelo Centro Socioeducativo de Sete Lagoas para instituições sociais e beneficentes do município. Familiares de jovens internados na unidade também receberam os alimentos, cultivados pelos filhos que buscam um futuro diferente e melhor depois do cumprimento da medida socioeducativa.
A doação recorde foi possível depois da ampliação do projeto, cuja área de cultivo cresceu quase 20 vezes. A atividade de plantio, além de ensinar boas práticas, promove a inclusão dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa no cuidado com a terra e na produção de alimentos.
“Essas atividades são fundamentais para a reintegração social dos adolescentes, reforçando valores de serviço e cuidado à comunidade”, destaca a subsecretaria de Atendimento Socioeducativo, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Giselle Cyrillo.
Expansão
O projeto teve a área de plantio aumentada de 141 m² para impressionantes 2,7 mil m², permitindo o cultivo de uma variedade maior de hortaliças, legumes, frutas e ervas medicinais. Um dos destaques da ação é a construção de um berçário de mudas, prevista para ser finalizada em aproximadamente 20 dias.
Além disso, o pomar e a horta de plantas medicinais estão sendo revitalizados para garantir a doação dos itens produzidos.
A oficina, que atualmente conta com a participação de dez adolescentes, tem como meta incluir todos os jovens atendidos pelo centro. A expansão do espaço e a reorganização das atividades permitirão que mais adolescentes participem do ciclo completo de cultivo, desde a preparação da terra até a colheita.
Raquel Dias, diretora-geral do Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, enfatiza que “a expansão do projeto permite que os adolescentes desenvolvam um novo olhar sobre o meio ambiente e sua responsabilidade social, ressignificando seu papel na sociedade e beneficiando a comunidade local”.
Benefícios para todos
Para os jovens, a atividade proporciona benefícios emocionais, desenvolve o senso de responsabilidade, o interesse pela agricultura, e fortalece o vínculo com a comunidade.
Os adolescentes envolvidos relatam vantagens da oficina. “Cultivar a horta me ajudou a aliviar a mente. É terapêutico”, diz Pedro Sampaio*, de 19 anos. Túlio Resende*, de 17 anos, complementa. “Além disso, as doações para instituições carentes são importantes. Sempre é bom ajudar o próximo, pois sabemos como é difícil sustentar uma família”.
Silvio Pereira*, de 18 anos, acrescenta.
“A horta também apoia nossas famílias. Muitas necessitam de ajuda, e a doação proporciona alimentos de qualidade”. Uma equipe de servidores é responsável por orientar os trabalhos, desenvolver a parte prática com os jovens e acompanhar as ações dos parceiros que cuidarão da parte teórica.
O agente socioeducativo Leandro Cesar é um dos profissionais envolvidos. Ele conta que, desde criança, gosta de lidar com a terra e com a natureza, e compartilha como a iniciativa também foi significativa para sua recuperação pessoal.
“Nos últimos anos enfrentei muitas perdas na família, o que me abalou bastante. Mas, nesse momento difícil, fui convidado a integrar o projeto. A partir daí, foi muito trabalho duro e uma melhora na saúde mental”.
“Trabalhar com a terra me aproximou de uma conexão profunda com a natureza. No fim, tudo se tornou poético. De uma terra seca e árdua, conseguimos produzir verduras que alimentam pessoas e instituições. Do caos nasceu a reflexão. Da secura, o alimento. Da doença, a saúde. E do vazio, a fé”, relata Leandro.
Instituições sociais
Denise Santos é a gerente administrativa da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Sete Lagoas e reitera a importância das doações. “Elas ajudam a nutrir os assistidos da Apae que almoçam na instituição”.
Cíntia Belino, nutricionista do Hospital Nossa Senhora das Graças, também ressalta essa relevância.
“Toda doação é muito bem-vinda. Recebemos alface, rúcula, cheiro verde, abobrinha, tudo de extrema importância para a refeição dos pacientes”.
Integração
A integração das atividades da Oficina de Horticultura com outras oficinas do centro, como a de Cozinha Experimental e a de Informática, potencializa os resultados. Na Cozinha Experimental, os alimentos colhidos são utilizados em confraternizações com as famílias dos adolescentes, criando um ciclo completo de produção e consumo sustentável.
Na oficina de Informática, os jovens aprendem a criar materiais informativos sobre alimentação saudável, contribuindo para a conscientização dentro e fora da unidade.
Fonte: Gov. de Minas Gerais
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