Em contagem regressiva para a COP30, a Embrapa avança nas definições para a finalização da Calculadora Pecuária Baixo Carbono (CPBC), uma ferramenta que mede com precisão as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em sistemas de produção de leite e carne. Durante uma reunião realizada em 14 de março, em Jaguariúna (SP), especialistas das Unidades da Embrapa envolvidas — Pecuária Sudeste, Meio Ambiente e Gado de Corte — alinharam estratégias e prazos para concluir o desenvolvimento da tecnologia, que também quantificam os impactos da Mudança no Uso da Terra (MUT).
Participaram da reunião a pesquisadora Marília Folegatti, coordenadora das pesquisas sobre quantificação de carbono utilizando a metodologia de Análise de Ciclo de Vida (ACV) na Embrapa, o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, Sérgio Medeiros, da mesma unidade, Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte e coordenador do PCBC, e a bolsista Funarbe de estímulo à inovação, Sophia Chamilete.
Baseada em metodologias internacionais de ACV — técnica que avalia os impactos ambientais de um produto ou serviço — a CPBC promete tornar-se um marco na mensuração da sustentabilidade da pecuária brasileira.
A reunião foi um desdobramento da Oficina sobre Conceitos e Indicadores para Diagnóstico e Monitoramento de Pastagens nos Biomas Brasileiros, realizado em Jaguariúna, nos dias 11, 12 e 13 de março, que reuniu cerca de 70 especialistas para definir, de forma colaborativa, as bases conceituais para a avaliação das pastagens no Brasil. O evento estruturou um sistema de classificação mensurável e verificável, contribuindo para o aprimoramento de políticas públicas, como o Plano ABC+ e o PNCPD, além de subsidiar investimentos privados em sistemas sustentáveis. A iniciativa conta com o apoio de instituições nacionais e internacionais, incluindo os ICs, o Ministério da Agricultura, a GIZ e a UNEP FI, com financiamento da União Europeia e do governo alemão.
Para Marília Folegatti, o encontro de técnicos representou um passo importante na agenda da pecuária sustentável.
“O Programa de Pecuária de Baixo Carbono, que inclui a produção de leite e carne bovina, pode trazer uma enorme contribuição para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário brasileiro”, afirmou.
Ela destacou que a pecuária é um dos setores mais observados pela comunidade internacional, mas também aquele com maior potencial de redução e remoção de carbono.
“A COP30 dará atenção especial à pecuária brasileira, e a Embrapa pretende apresentar seus programas de baixo carbono como uma das estratégias para o enfrentamento das mudanças climáticas”, disse.
A pesquisadora também enfatizou a colaboração entre os parceiros no desenvolvimento da metodologia do CPBC, destacando o apoio da bolsista Sophia Chamilete e do analista da Embrapa Pecuária Sudeste Edilson Guimarães.
Já o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, ressaltou a produtividade da reunião, destacando a complementaridade entre as equipes envolvidas.
“Temos competências muito complementares entre as equipes da Pecuária Sudeste, que possuem amplo conhecimento sobre sistemas de produção, e da Embrapa Meio Ambiente, com expertise em Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), certificação e relacionamento com outras instituições. Essas competências nos capacitam a desenvolver um protocolo mais amplo e completo para toda a produção de carne e leite, com foco na determinação do balanço e da pegada de carbono desses produtos.”
Ele enfatizou a complexidade da cadeia produtiva e dos cálculos envolvidos, destacando a importância de um dia inteiro de trabalho conjunto para discutir detalhes, definir protocolos e estabelecer prioridades.
“Nosso objetivo é abranger toda a cadeia produtiva, desde a fabricação de insumos e alimentos até a produção animal e a etapa industrial, garantindo um produto final com indicadores bem definidos.”
Avanços na Calculadora
O CPBC passou por uma série de avanços metodológicos e tecnológicos que se tornaram mais eficientes e integrados aos sistemas de dados existentes. Edilson Guimarães da Embrapa Pecuária Sudeste, explicou as inovações, destacando as melhorias que otimizam a ferramenta e tornam mais acessíveis aos profissionais do setor agropecuário.
A principal, segundo Guimarães, foi a informatização da CPBC.
“Os cálculos e registros dos dados foram desenvolvidos em uma linguagem de programação de alto nível, e os dados são armazenados em um sistema de gerenciamento de banco de dados”, afirmou.
Esse aprimoramento não apenas facilitou a inclusão de novas configurações e funções, mas também melhorou a recuperação das informações, possibilitando a geração de relatórios mais detalhados e integrados.
A construção da calculadora levou em conta as necessidades dos especialistas da Embrapa e os feedbacks dos técnicos de campo. Guimarães explicou.
“Essa colaboração desenvolvida na manutenção de uma opção de entrada de dados em planilha, o que facilita o uso prático da ferramenta no campo, onde muitos profissionais já estão familiarizados com esse formato.”
Além das inovações metodológicas, Guimarães destacou a importância da colaboração entre as diversas equipes da Embrapa.
“A integração entre diferentes áreas da instituição tem sido fundamental para o sucesso do projeto”, afirmou. Ele também ressaltou a importância da interoperabilidade entre a CPBC e outras ferramentas, como o ICVCalc e o BRLUC.
“Essa integração permitirá a troca de dados entre os sistemas, evitando retrabalho e a duplicação de valores”, completou.
Com esses avanços, a Calculadora Pecuária Baixo Carbono se consolida como uma ferramenta ainda mais robusta, capaz de contribuir significativamente para a sustentabilidade da pecuária brasileira e para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Fonte: Embrapa
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