O Brasil exportou 3,274 milhões de sacas de 60 kg de café em fevereiro de 2025, registrando uma queda de 10,4% no volume em comparação ao mesmo mês de 2024. Apesar da redução, a receita das exportações atingiu um recorde para o mês, totalizando US$ 1,190 bilhão, um crescimento expressivo de 55,5% impulsionado pelos elevados preços internacionais do grão, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Nos oito primeiros meses da safra 2024/25, os embarques brasileiros de café totalizaram 33,452 milhões de sacas, um aumento de 8,8% em relação ao mesmo período da safra anterior. A receita acumulada chegou a US$ 9,723 bilhões, registrando um avanço de 59,8%, consolidando-se como um recorde para o período.
Cenário do mercado e desafios para as exportações
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, atribui o crescimento da receita aos preços elevados do café no mercado internacional. “Embora as bolsas internacionais tenham recuado das recentes máximas, as cotações médias dos últimos meses estão significativamente acima dos valores do ano anterior, justificando o recorde em receita”, explicou.
Por outro lado, Ferreira alerta para a perda de competitividade dos cafés brasileiros em relação a outros produtores, como Vietnã e países da América Central. O café conilon e robusta do Brasil tem enfrentado desafios frente aos preços mais atrativos dos concorrentes vietnamitas na Bolsa de Londres. Situação semelhante ocorre com o café arábica, que tem diferenciais de preço superiores ao de países da América Central na Bolsa de Nova York, o que pode impactar os embarques nos próximos meses.
Além disso, Ferreira aponta para possíveis impactos da alta nos preços ao consumidor final, tanto no Brasil quanto no exterior, o que pode reduzir o consumo global do produto. “Os preços recordes ainda não foram totalmente repassados pelas indústrias e supermercados. Se houver novas altas, isso pode afetar a inflação e impactar o consumo”, avaliou.
Outro fator que pode influenciar as exportações brasileiras é a redução nas linhas de crédito para o setor. De acordo com o Cecafé, a volatilidade dos preços e a necessidade de altos recursos em dólares para cobrir margens de variação no mercado de futuros podem limitar o fluxo comercial.
Principais destinos das exportações
No primeiro bimestre de 2025, os Estados Unidos lideraram as importações do café brasileiro, com 1,206 milhão de sacas, representando 16,6% do total exportado, apesar de uma queda de 12,3% em relação ao mesmo período de 2024.
A Alemanha ficou em segundo lugar, com 878.350 sacas, registrando uma redução de 29,4%. Já a Itália importou 531.260 sacas (+9,1%), seguida pelo Japão, com 478.844 sacas (+3,9%), e pela Turquia, que apresentou o maior crescimento percentual, com 354.904 sacas (+88,7%).
Curiosamente, países produtores como Vietnã e Indonésia também aumentaram suas compras de café verde do Brasil. O Vietnã importou 72.836 sacas, um crescimento expressivo de 297,3%, enquanto a Indonésia adquiriu 47.471 sacas, um aumento de 29,2%.
Tipos de café exportados
O café arábica manteve sua predominância, respondendo por 83,4% das exportações brasileiras no bimestre, com 6,069 milhões de sacas enviadas ao exterior, embora com leve queda de 0,7% em relação ao ano anterior.
O café solúvel teve um avanço significativo de 16,5%, com exportações de 640.996 sacas, representando 8,8% do total. Já os cafés canéforas (conilon e robusta) registraram uma queda expressiva de 45,5%, somando 559.928 sacas.
Cafés diferenciados em alta
Os cafés diferenciados, que possuem qualidade superior ou certificação de práticas sustentáveis, representaram 24,8% das exportações brasileiras no bimestre, com 1,801 milhão de sacas. Esse volume cresceu 14,7% em relação ao ano passado.
A receita com esse segmento atingiu US$ 717,7 milhões, equivalente a 28,5% do total gerado com as exportações de café no período, um crescimento expressivo de 101,1% na comparação anual. Os principais destinos desses cafés foram os Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Japão e Holanda.
Exportações por portos
O Porto de Santos seguiu como principal ponto de escoamento do café brasileiro, respondendo por 77,5% das exportações no primeiro bimestre, com 5,637 milhões de sacas embarcadas. O complexo portuário do Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, com 1,323 milhão de sacas (18,2% do total), seguido pelo Porto de Paranaguá (PR), com 84.203 sacas exportadas (1,2%).
Perspectivas para o setor
Embora a receita das exportações de café do Brasil siga em alta devido aos preços elevados, o volume embarcado pode continuar em queda nos próximos meses. A competitividade com outros mercados produtores, a redução do crédito e as oscilações no consumo global são desafios a serem monitorados pelo setor.
Ainda assim, o Brasil segue como o maior exportador mundial de café e, mesmo com uma safra menor em 2025/26, deve manter sua posição de liderança no mercado internacional.
Por Cristiane Ferreira
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