O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando nesta quinta-feira (13) ordenando que seus assessores calculem novos níveis tarifários para países ao redor do mundo. A medida representa uma das maiores mudanças na política comercial norte-americana em décadas e deve provocar intensas negociações internacionais nos próximos meses.
A nova política determina que os conselheiros de Trump considerem não apenas as tarifas que os outros países impõem aos produtos norte-americanos, mas também impostos internos sobre produtos estrangeiros, subsídios concedidos às indústrias locais, taxas de câmbio e outras práticas que o presidente considera desleais.
“Se você fabricar seu produto nos Estados Unidos, não haverá tarifas”, disse Trump durante o anúncio no Salão Oval, reforçando que o objetivo final é incentivar empresas a trazerem suas fábricas de volta ao território norte-americano.
Mudança radical na política comercial
Os novos cálculos tarifários serão conduzidos por Howard Lutnick, indicado de Trump para o cargo de secretário do Comércio, e Jamieson Greer, nomeado para representante de Comércio dos EUA. Segundo um assessor da Casa Branca, os números serão definidos rapidamente, e outros países terão a chance de negociar as tarifas que enfrentarão.
A decisão marca uma ruptura com o sistema de comércio global vigente há mais de 75 anos. Desde 1947, os Estados Unidos negociam suas tarifas por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros organismos internacionais. Agora, Trump busca um modelo em que os EUA determinam suas próprias taxas de importação unilateralmente.
O advogado Timothy Brightbill, especialista em comércio exterior, afirmou que essa abordagem representa “uma mudança fundamental na política comercial dos EUA, uma das maiores desde a criação do sistema multilateral de comércio em 1947”.
Impacto global e possíveis retaliações
A nova estratégia tarifária pode afetar praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA, com impacto significativo para Índia, Japão e União Europeia. Trump e seus assessores frequentemente criticam o sistema tributário europeu, especialmente o imposto sobre valor agregado (IVA), que eles consideram um obstáculo injusto ao comércio norte-americano.
O conselheiro de Trump para comércio, Peter Navarro, chamou o IVA europeu de “exemplo clássico de injustiça comercial” e afirmou que “o presidente Trump não está mais disposto a tolerar isso”.
Se implementadas, as novas tarifas podem levar a guerras comerciais, caso os países afetados optem por retaliar com medidas semelhantes.
Trump amplia ofensiva tarifária
A proposta de tarifas recíprocas se soma a uma série de medidas protecionistas recentes. Na última segunda-feira (10), Trump assinou um decreto impondo tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados, afirmando que essa seria “a primeira de muitas” novas barreiras comerciais.
Além das tarifas já aplicadas à China, o presidente ameaçou elevar impostos sobre automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e outros bens nas próximas semanas. “Eles vêm se aproveitando de nós há anos. É hora de sermos recíprocos”, declarou Trump.
Na semana passada, os EUA impuseram um adicional de 10% sobre todos os produtos chineses e quase aplicaram tarifas amplas sobre Canadá e México, que foram adiadas por 30 dias após concessões feitas por ambos os países.
Consequências para a economia global
O plano de Trump altera uma lógica histórica do comércio global. Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA lideraram esforços para reduzir barreiras comerciais, acreditando que tarifas mais baixas beneficiariam a economia ao baratear bens para os consumidores e insumos para a indústria.
Trump, no entanto, defende que a equiparação das tarifas com as de outros países é essencial para restaurar a indústria norte-americana e reduzir o déficit comercial dos EUA. Alguns economistas discordam, argumentando que ajustes cambiais podem neutralizar os efeitos da medida.
O uso de tarifas recíprocas pode gerar desafios jurídicos, já que elevar tarifas acima dos limites acordados na OMC pode levar a disputas internacionais. No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, os EUA bloquearam a nomeação de juízes para o órgão de arbitragem da OMC, impedindo que disputas comerciais sejam resolvidas pela entidade.
O futuro do comércio global
Com a nova estratégia tarifária, os EUA entram em um território inexplorado no comércio internacional. Resta saber se Trump usará essas medidas para aumentar barreiras comerciais ou para pressionar outros países a abrirem seus mercados.
O impacto da decisão dependerá das reações dos principais parceiros comerciais dos EUA. Caso esses países optem por retaliar, o mundo poderá enfrentar um novo período de instabilidade econômica e escalada protecionista, com efeitos sobre diversas cadeias produtivas globais.
Com informações da Casa Branca
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