No coração da Amazônia, onde a colheita não depende do arado, mas sim do conhecimento secular da floresta, a notícia vinda de Brasília não é apenas uma cifra econômica: é uma garantia de vida. Nesta terça-feira (2), a atualização dos preços mínimos para a safra de 2026, formalizada pelas Portarias nº 867 e 868 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), deu um respiro de segurança aos extrativistas e agricultores familiares.
Para a catadora de babaçu no Maranhão ou o coletor de castanha-do-Brasil no Pará, essa medida, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), significa que o esforço de um ano inteiro de trabalho não será perdido para as flutuações imprevisíveis do mercado. Ela é o alicerce da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), um pacto do Governo Federal para intervir e adquirir a produção caso os preços caiam abaixo do piso estabelecido.
O efeito prático é profundo. O novo piso se aplica a uma lista de produtos que são o cerne da sociobiodiversidade: frutos do açaí, buriti, juçara e pequi, amêndoas de andiroba e cacau, e até mesmo o pirarucu de manejo. Esses produtos, que sustentam comunidades inteiras, estão diretamente ligados à conservação das matas. Quando o extrativismo é rentável e seguro, a floresta não precisa virar pasto; ela se torna um ativo econômico de alto valor agregado.
O vinhedo seguro: R$ 1,80 por quilo de uva
Longe da densa mata, nos vales do Sul, Sudeste e Nordeste, o segmento vitivinícola também celebrou a medida. A uva industrial com 15° glucométricos teve seu preço mínimo fixado em R$ 1,80 por quilograma para 2026. Para o pequeno produtor de uvas para vinho ou suco, essa garantia é a chave para o planejamento.
Anualmente, antes mesmo de iniciarem a safra, o produtor precisa saber se vale a pena plantar, investir em insumos e manter a qualidade da colheita. Com essa definição antecipada — elaborada tecnicamente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com base nos custos de produção e nos mercados —, o viticultor pode tomar decisões com mais tranquilidade, sabendo que a volatilidade do clima ou de crises econômicas não destruirá seu rendimento.
Ao final, tanto para o manejo sustentável do peixe na Amazônia, amparado pela PGPM-Bio, quanto para a produção de vinho no Sul do país, o papel do Mapa e do CMN é o mesmo: proteger o produtor contra as extremas volatilidades do mercado. A garantia de um preço justo e antecipado transforma-se, na ponta, em subsistência, investimento e, crucialmente, na manutenção da atividade rural e extrativista como um pilar de segurança alimentar e de conservação ambiental no Brasil.
Com informações do Mapa
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