As áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal somaram 4.495 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta quinta-feira (7) em Brasília. Embora represente uma leve alta de 4% em relação ao ciclo anterior (4.321 km²), o número é o segundo menor desde o início da série histórica do sistema.
O aumento é atribuído, em grande parte, à intensificação dos incêndios na região no segundo semestre do ano passado. No entanto, quando se considera apenas o desmatamento por corte raso — sem o uso do fogo — houve queda de 8%, atingindo o menor nível já registrado pelo Deter.
Durante a apresentação dos dados, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertou para o impacto das mudanças climáticas sobre as florestas tropicais. “Dentro da margem, podemos dizer que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, afirmou. A ministra também destacou que, mesmo com o fim do desmatamento, as emissões globais de carbono ainda podem comprometer a integridade da floresta. “Até podemos zerar o desmatamento, mas se continuarmos com a emissão de CO₂, a floresta vai perecer do mesmo jeito.”
A divulgação dos dados contou com a participação de representantes dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Inpe e de órgãos ambientais federais.
Queimadas recuam no primeiro semestre
Apesar do impacto dos incêndios no acumulado do ciclo, dados atualizados mostram tendência de melhora. Informações do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ) indicam que as áreas queimadas caíram 65,8% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024. Já o número de focos de calor caiu 46,4%, segundo o Inpe.
As ações de enfrentamento do governo federal, como o reforço de brigadistas e investimentos em equipamentos, são apontadas como principais fatores para essa redução.
Estados com maior e menor pressão
Entre os estados com mais área sob alerta, Rondônia e Pará apresentaram recuos significativos, de 35% e 21%, respectivamente. Em contrapartida, Mato Grosso registrou alta de 74% e o Amazonas, de 3%, ambos impactados pelos focos de incêndio.
Cerrado e Pantanal também avançam
O Cerrado também apresentou resultados positivos, com queda de 20,8% nos alertas de desmatamento. O total de áreas comprometidas passou de 7.014 km² para 5.555 km² no mesmo intervalo. Entre os estados com maior redução estão Maranhão e Minas Gerais (-34%), seguidos por Tocantins (-29%) e Mato Grosso (-19%).
No Pantanal, a área sob alerta de desmatamento caiu expressivos 72%, passando de 1.148 km² para 319 km². As cicatrizes de queimadas também recuaram 9% no período.
Fiscalização e novas políticas
A atuação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do ICMBio foi intensificada. Só na Amazônia, o Ibama realizou 9.540 ações de fiscalização, aplicando R$ 2,4 bilhões em multas e embargando mais de 5 mil km². Já o ICMBio registrou 2.711 autos de infração em unidades de conservação federais.
A ministra Marina Silva e o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, destacaram a criação da “sala de situação” que reúne 10 ministérios e a formulação dos Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas (PPCDs), agora adotados para todos os biomas brasileiros.
Entre os principais investimentos anunciados estão:
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R$ 850 milhões do Fundo Amazônia para fiscalização ambiental;
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R$ 785 milhões do programa União com Municípios;
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Contratação de 4.385 brigadistas federais;
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Aquisição de sete novos helicópteros para combate a incêndios;
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Aprovada a Lei do Manejo Integrado do Fogo (Lei 14.944/24);
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R$ 150 milhões para combate ao fogo em estados do Cerrado e Pantanal;
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Sanção da Lei 15.143/2025, que amplia a resposta a emergências ambientais.
A diretora do ICMBio, Iara Vasco, destacou a importância da recomposição das equipes de fiscalização com a realização de concursos. “Isso permitiu que tivéssemos um maior controle sobre o desmatamento das unidades de conservação”, disse.
Para André Lima, secretário de Controle do Desmatamento do MMA, “as políticas públicas estão agora alinhadas a um monitoramento permanente com base científica e planejamento integrado, algo inédito no enfrentamento ambiental no Brasil”.
Com informações do MMA
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