A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) emitiram uma nota conjunta expressando preocupação com os dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no 4º Levantamento da Safra de Grãos 2024/2025, divulgado nesta terça-feira (14). As entidades contestam as informações da Conab, apontando inconsistências em relação aos dados fornecidos pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que realiza levantamentos há várias décadas.
Segundo o documento assinado pelos presidentes Gedeão Pereira e Alexandre Velho, após as enchentes no estado, o governo federal tentou manipular dados que resultariam em um custo de R$ 7,2 bilhões para os cofres públicos, afirmando falsamente que haveria escassez de arroz no Brasil. Farsul e Federarroz alertam que essa desinformação prejudica não apenas os produtores rurais do Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do país, mas toda a cadeia produtiva, afetando também os consumidores.
A nota ressalta que a Farsul e a Federarroz sentem uma “profunda preocupação” com a nova onda de desinformação relacionada aos dados de área, produtividade e produção de arroz. Elas afirmam que, segundo o Irga, a área plantada cresceu 2,69% em comparação a 2024, em contraste aos 9,7% superestimados pela Conab. As entidades destacam que esse erro pode ter consequências financeiras significativas para o país.
Por fim, a nota critica os retrocessos no sistema de informação oficial do governo federal, mencionando a saída de diretores do IBGE que não concordam com a nova política de divulgação de dados. Farsul e Federarroz concluem afirmando que, apesar das divergências, a produção de arroz no Rio Grande do Sul será suficiente para atender ao consumo interno, com possibilidade de exportação dos excedentes, garantindo assim a segurança alimentar.
Confira a nota na íntegra:
Externamos à sociedade brasileira nossa profunda preocupação com a nova rodada de desinformação quanto aos dados de área, produtividade e produção de arroz que estão sendo divulgados pela Conab.
Primeiramente, cabe lembrar que no ano passado o governo brasileiro estava disposto a desperdiçar R$ 7,2 Bilhões para compra de arroz importado, com o intuito de ser vendido com preço tabelado e abaixo do custo de produção, sob a alegação que faltaria oferta para o consumidor interno. Dissemos, de maneira clara, que não faltaria arroz e não faltou, em nenhum supermercado do Brasil, nenhum dia e nem por um minuto, apesar do pânico causado na população pelo próprio governo.
Agora, o mesmo governo divulga, através da Conab, dados equivocados sobre a produção de arroz, superestimando a produção com o intuito claro de intervir nos preços do cereal, o que pode causar mais problemas para produtores, indústrias, varejistas e, principalmente, consumidores.
Informamos que, de acordo com o Instituto Rio Grandende do Arroz (IRGA), órgão que, diferentemente da Conab, realiza levantamentos de campo e o faz por várias décadas, a área plantada efetivamente cresceu em relação à 2024, mas 2,69% e não 9,7%, como erroneamente está sendo informado pela Conab. Embora pareça pouco, esse erro pode custar bilhões de Reais ao país.
Queremos tranquilizar a sociedade e dizer que, como de costume, produziremos bem mais do que os brasileiros consomem, o que nos obrigará a exportar excedentes, não havendo nenhum risco de desabastecimento.
Por fim, nos preocupam os retrocessos que temos presenciado com o sistema de informação oficial do governo federal. Mais diretores estão saindo do IBGE por não compactuarem com a nova política daquele instituto para a forma de produção e divulgação dos dados, enquanto a Conab continua distribuindo informações que se alinham aos interesses ideológicos, mas que divergem da realidade observada.
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