Com a chegada de 2025, um dos assuntos que mais geram debate é o recente reajuste do salário mínimo, que agora passa a ser de R$ 1.518, um aumento de 7,5% em relação ao ano anterior. A medida, assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no último dia 30 de dezembro, traz à tona questões cruciais sobre a situação dos trabalhadores do campo e a sustentabilidade econômica do agronegócio brasileiro.
O novo valor do salário mínimo, que entrará em vigor a partir de fevereiro, não é apenas uma referência para os trabalhadores que recebem essa quantia, mas também impacta benefícios vinculados, como o seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Entretanto, a realidade é que o salário mínimo ainda é insuficiente para atender às necessidades de uma família média brasileira. Segundo dados do Dieese, um salário digno para uma família de quatro pessoas seria de aproximadamente R$ 6.000.
No agronegócio, a situação é ainda mais complexa. A mão de obra rural é caracterizada por sua sazonalidade, com a maior parte dos trabalhadores contratados de forma temporária. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, o número de trabalhadores sem carteira assinada nos campos aumentou 7,8%, atingindo 4,35 milhões. Isso representa um cenário preocupante, considerando que a maioria dos trabalhadores no setor recebe uma remuneração média de R$ 2.500.
Recentemente, um projeto de lei aprovado no Congresso limitou o aumento do salário mínimo a até 2,5% acima da inflação, o que pode ter um impacto negativo significativo no poder de compra dos trabalhadores. Essa limitação afeta principalmente as pequenas e médias propriedades rurais, que são responsáveis por uma parte considerável da produção agrícola no Brasil. Segundo o censo agropecuário de 2017, a renda média da Agricultura Familiar, que emprega dois terços dos trabalhadores do campo, é de apenas dois salários mínimos.
Com a crescente pressão sobre os pequenos e médios produtores, que já enfrentam um aumento no pedido de recuperação judicial e endividamento, a limitação do reajuste salarial pode agravar ainda mais a situação. Os custos de produção têm um peso significativo na formação dos preços dos alimentos, e a restrição ao aumento do salário mínimo pode comprometer a viabilidade econômica desses produtores.
Segundo a economista da FGV Carla Beni, a situação é um reflexo de um dilema político complexo. O governo, que foi eleito com a promessa de promover justiça social e incluir os mais pobres no orçamento, enfrenta agora a realidade de ceder a pressões fiscais, resultando em um aumento do custo de vida para os trabalhadores.
Com isso, a expectativa é de que a combinação de um salário mínimo insuficiente e restrições orçamentárias se transforme em um desafio ainda maior para o agronegócio nacional e seus trabalhadores, que aguardam por soluções que garantam não apenas a sobrevivência, mas também a dignidade no campo.
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