Em nível global, a produção pecuária fornece cerca de um terço da proteína consumida diariamente, sendo essencial para a segurança alimentar e nutricional global. Na América Latina e no Caribe, essa atividade não é apenas crucial para a dieta de milhões de pessoas, mas também representa um pilar da economia local.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2022 a pecuária representou 46% do Produto Interno Bruto agrícola da nossa região. No entanto, esse setor enfrenta desafios significativos, como a disponibilidade de recursos naturais para a produção, a crescente demanda por proteína animal e a necessidade de utilizar práticas que, embora rentáveis, reduzam o impacto ambiental do setor. Essas questões requerem atenção urgente para garantir a sustentabilidade no setor e sua contribuição para a segurança alimentar.
A FAO projeta que, até 2050, a demanda global por proteína animal aumentará em 20%, cenário no qual a América Latina e o Caribe têm a oportunidade de se consolidar como um fornecedor estratégico, pois atualmente abriga 8,5% da população mundial, mas possui 28% do rebanho bovino global.
Ainda assim, o aumento da produção pecuária deve ser equilibrado com a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade, com um foco em sustentabilidade, e, para isso, devemos agir o quanto antes.
Nesse contexto, a FAO, em conjunto com o Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca e o Instituto Nacional de Carnes da República Oriental do Uruguai, organizou a primeira Conferência Regional para a Transformação Sustentável da Pecuária na América Latina e no Caribe. O foco do evento está na transformação em direção a sistemas de produção pecuária mais inovadores, resilientes e eficientes, que reduzam o impacto ambiental e aumentem a acessibilidade a alimentos saudáveis nas diferentes cadeias de produção pecuária, para alcançar uma Melhor Produção.
Dessa forma, busca-se promover o intercâmbio de conhecimento e experiências na região para gerar sinergias e equilíbrios para a melhoria da produtividade e da produção animal.
A FAO, junto com outras entidades, já começou a implementar iniciativas voltadas para uma produção pecuária sustentável, que integram soluções baseadas na gestão otimizada dos próprios recursos naturais, como projetos de pecuária de baixo carbono, modelos agroflorestais e silvipastoris, e outras boas práticas relacionadas à bioeconomia circular, como o uso de esterco para adubo e biocombustíveis, e o uso eficiente dos serviços ecossistêmicos, que possuem efeitos protetores e harmonizadores sobre o meio ambiente.
Essas práticas não apenas facilitam a otimização dos recursos, mas também aumentam o sequestro de carbono nos solos. Além disso, ao integrar espécies adaptadas às condições locais, como raças bovinas tropicalizadas ou os camelídeos sul-americanos nas zonas alto-andinas, fomenta-se uma produção mais diversa e resiliente.
Esses avanços requerem o apoio de políticas públicas eficazes. É fundamental que os governos criem incentivos que promovam a sustentabilidade no setor pecuário, facilitando o acesso dos pequenos produtores a recursos e tecnologias.
Abordar a produção pecuária a partir de uma perspectiva sustentável não é apenas uma questão ambiental, é uma necessidade econômica e social.
*Por Andrés González Serrano, Oficial de Pecuária, Sanidade Animal e Biodiversidade da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
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