Cumprindo agenda em Genebra, na Suíça, nesta semana, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participou, ontem, 1º de outubro, de reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) com empresários e lideranças da cadeia produtiva do café de todo o mundo. As discussões foram focadas nas novas regras para o fluxo do comércio no âmbito da União Europeia (UE), como o Regulamento do bloco para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR).
Estiveram presentes no encontro, pela OMC, a diretora-geral Ngozi Okonjo-Iweala, o presidente da Comissão de Comércio e Meio Ambiente, Erwin Bollinger (Suíça), o presidente do Conselho Geral, Peter Olberg (Noruega), entre outros conselheiros.
Pelas entidades, o Cecafé foi representado pelo diretor-geral Marcos Matos; a European Coffee Federation (ECF) pela secretária-geral Eileen Gordon; a Swiss Coffee Trade Association (SCTA) pela secretária-geral Krisztina Szalai e pelo vice-presidente Cyrille Jannet; a Federación Nacional de Cafeteros (FNC) pelo gerente-geral German Bahamon; e a German Coffee Association pelo CEO Holger Preibisch.
O segmento empresarial contou com a participação de Giuseppe Lavazza, chairman do Grupo Lavazza; Ben Clarkson, Head of Global Coffee da Louis Dreyfus Company (LDC); Philipp Navratil, CEO da Nespresso; Nicolas Matter, CEO da Walter Matter; Nicolas Tamari, CEO da Sucafina; e Vivek Verma, Managing Director Coffee da ofi.
O diretor-geral do Cecafé aponta que, em todas as falas, os presentes demonstraram comprometimento com a sustentabilidade, com os europeus do setor privado reforçando seu comprometimento com o combate ao desmatamento, mas criticando o excesso de regulamentações.
“Os empresariais lembraram que, além do EUDR, há regulamentos sobre fertilizantes, agroquímicos, CS3D, além de outros países, dentro e fora do bloco europeu, que vêm assumindo novas regras. Isso, conforme eles, gera impactos e disfunções no mercado, além de excluir países, principalmente os africanos, gerando exclusão social”, revela.
Eles pontuaram, ainda, que Brasil e Colômbia são os mais preparados atualmente e citaram o aumento da demanda por cafés brasileiros. Por outro lado, reforçaram os riscos muito altos em diversas outras origens cafeeiras, que serão impactadas negativamente e há o risco de ocorrer um caos social.
Em sua explanação, Matos contextualizou o Brasil como país continental, diverso e heterogêneo, que tem trabalhado com afinco em leis ambientais e sociais, gerando mobilização nacional em torno do Cadastro Ambiental Rural (CAR), políticas públicas benéficas para quem estiver de acordo com a legislação ambiental e utilizar boas práticas agrícolas, com juros menores para acesso ao crédito rural.
“De forma sucinta, apresentamos os números da Embrapa sobre a preservação ambiental e nossos dados e levantamentos que apontam um maior IDH nas regiões produtoras de café, maior índice de repasse de preço da exportação ao produtor, o conhecido IPEP, os números gerais da nossa plataforma de monitoramento socioambiental e a nova governança criada em parceria com a Fundação Solidaridad para análise de falsos positivos sobre desmatamento”, conta.
Sobre essa parceria, o diretor-geral do Cecafé reforçou o posicionamento que fez, em 11 de setembro, em reunião com representantes da Comissão Europeia (confira aqui), a respeito dos alertas falsos positivos.
“Levantei a questão das limitações e as divergências tecnológicas que ocasionam esses falsos positivos sobre áreas desmatadas, os quais, enfatizo, não podem gerar riscos de multas para o comércio de café”, afirma.
Na reunião da OMC, Matos também explanou a respeito da publicação na Revista Science relacionada à análise dos produtores de café feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que demonstrou que 99% dos cafeicultores estão de acordo com as novas regras do comércio global. Citou, ainda, os estudos técnicos-científicos contratados pelo Cecafé, que atestaram que a cafeicultura brasileira é carbono negativo, ou seja, mais retém do que emite gases de efeito estufa na atmosfera em todo o seu processo produtivo, sendo importante fator de mitigação do aquecimento global.
Segundo ele, a diretora-geral da OMC informou que é muito próxima da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e havia informado a ela sobre essa reunião que teria com o setor privado da cafeicultura mundial. Ngozi Okonjo-Iweala informou ter adiantado a ela que a visão da OMC é de que o Green Deal, em geral, apresenta legislações fragmentadas, põe em risco países mais vulneráveis, como o dela (Nigéria), principalmente os de base familiar que carecem de tecnologias.
Fonte: Cecafé
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