Mais de 2,3 bilhões de pessoas no mundo não acessam fontes de energia limpas. O número equivale a 28,7% da população global e é resultado da pesquisa mais recente sobre o tema, realizada pela Agência Internacional de Energia (IEA, 2022). O cenário reflete a urgência do combate à pobreza energética, tema que estará em discussão na próxima reunião do G20, marcada para esta quarta-feira (2), em Foz do Iguaçu (PR). Na ocasião, o Governo Federal vai lançar a iniciativa Cozinha Solidária Sustentável. A ação piloto prevê a instalação de biodigestores em sete cozinhas solidárias, estrategicamente mapeadas por todo país, assim como outros equipamentos necessários para garantir um processo de cozimento limpo durante o preparo das refeições.
Criada a partir de uma articulação estratégica entre ministérios e sociedade, a iniciativa foi criada no âmbito do Programa Cozinha Solidária, do Governo Federal, a partir de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Secretaria Geral da Presidência. Juntam-se como apoiadores da ação a Itaipu Binacional, a Associação Brasileira de Biogás (Abiogás) e a Cáritas, como entidade gestora credenciada no Programa Cozinha Solidária.
As cozinhas solidárias são iniciativas criadas a partir da mobilização da sociedade, com foco no enfrentamento da insegurança alimentar e no combate à fome. Por meio da oferta de refeições gratuitas e de qualidade à população, esses espaços comunitários atendem prioritariamente pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, incluindo a população em situação de rua e em insegurança alimentar e nutricional. Reconhecendo o caráter estratégico dessa tecnologia social, em 2023, o Governo Federal lançou o Programa Cozinha Solidária, com objetivo de apoiar essas iniciativas por todo país com a distribuição de alimentos adquiridos da agricultura familiar, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), entre outras ações.
Os sete biodigestores, bem como sua instalação serão doados pela Abiogás, no âmbito da parceria firmada com o Governo Federal para a implementação do projeto-piloto da iniciativa Cozinha Solidária Sustentável. De acordo com a Associação, a média do custo de fornecimento e instalação dos biodigestores é de cerca de R$ 452 mil.
A Cozinha Solidária Sustentável insere-se no contexto de discussão da Política Nacional para Promoção do Cozimento Limpo, que tem o propósito de promover o acesso universal, em todo o país, a tecnologias limpas para cocção de alimentos, ou seja, a utilização de fontes energéticas limpas para a preparação de alimentos em ambientes internos. A iniciativa surge no contexto do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, em sinergia com a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que visa reduzir desigualdades e contribuir com parcerias globais para o desenvolvimento sustentável, defendendo caminhos de transição energética sustentáveis, inclusivos e justos.
Segundo previsões da IEA, para começar a reverter esse cenário desigual de pobreza energética e alcançar o objetivo de zerar as emissões de carbono até 2050, aproximadamente 300 milhões de pessoas precisam obter acesso a tecnologias limpas de cocção a cada ano, como gás liquefeito de petróleo (GLP), fogões movidos a biomassa (especialmente em áreas rurais), biogás, etanol e eletricidade. Ampliar o uso dessas fontes energéticas demanda um aumento maciço de investimentos, que deveria atingir US$ 8 bilhões por ano, até 2030.
Cozinhas Solidárias Sustentáveis
Em cada tecnologia social apoiada pela iniciativa Cozinha Solidária Sustentável será instalado um biodigestor e placas solares que vão garantir a produção de energia elétrica para a unidade. Além do biodigestor, cada cozinha receberá a estrutura necessária à garantia do seu funcionamento, como fogões e fogareiros adaptados ao equipamento. O objetivo desse conjunto de equipamentos é ampliar a sustentabilidade financeira e ambiental das cozinhas solidárias.
“Promover o cozimento limpo é combater a pobreza energética. Estamos ampliando em quatro vezes o acesso das famílias brasileiras ao cozimento limpo com o Gás Para Todos, levando mais dignidade e saúde. E, hoje, damos mais um importante passo para reduzirmos esse número, com o lançamento de uma política social que alcançará os mais atingidos pelo uso inadequado de fontes para cozinhar. Essa é a verdadeira transição energética justa e inclusiva que defendemos e trabalhamos”, afirmou Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia.
Os biodigestores produzirão biogás para cocção, por meio do uso dos resíduos orgânicos das cozinhas, além de insumos para adubar as hortas.
“O lançamento da iniciativa Cozinha Solidária Sustentável representa uma semente de mudança, que deverá inspirar a ampliação de novas parcerias Brasil afora. Se desejamos combater a fome e a pobreza nas suas diferentes formas, precisamos levar em consideração o direito de todas as pessoas ao alimento, mas também o direito à energia limpa para o seu preparo. A união de esforços entre governo e sociedade é fundamental para avançarmos nesse objetivo comum”, destacou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
A iniciativa Cozinha Solidária Sustentável tem também o caráter de promoção da igualdade de gênero, ao priorizar as cozinhas que são chefiadas na sua maioria por mulheres e que precisa de suporte e apoio, com equipamento que permite a prática do cozimento limpo.
Ao promover a disponibilização de fontes energéticas limpas para a preparação de alimentos, a ação promove segurança e dignidade ao trabalho das pessoas envolvidas nessa atividade das cozinhas solidárias, em sua maioria mulheres, em especial mulheres negras, que predominantemente lideram as ações das cozinhas solidárias em funcionamento hoje por todo país.
Para tanto, foram selecionadas sete cozinhas solidárias, devidamente habilitadas pelo Programa Cozinha Solidária. As unidades contempladas foram estrategicamente mapeadas, considerando sua capacidade de oferta de refeições e espaço para receber o biodigestor.
Fonte: Gov.BR
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