A proposta recente do Ministério do Meio Ambiente de oferecer incentivos aos produtores rurais para que evitem desmatamento, mesmo em áreas onde o Código Florestal permite, gerou uma resposta crítica da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). Fernando Sampaio, diretor de sustentabilidade da ABIEC, expressou preocupação com o foco das políticas públicas, sugerindo que a prioridade deveria ser o combate ao desmatamento ilegal.
Combate ao desmatamento ilegal
“O desmatamento, em grande parte, é ilegal. O governo deveria priorizar o combate ao desmatamento ilegal, principalmente na Amazônia, e trabalhar para que o Código Florestal seja implementado. A gente precisa fazer o Cadastro Ambiental Rural andar, precisa ter os PRAs, planos de recuperação dos estados, implementados. A gente tem visto pouco esforço nesse sentido”, declarou Sampaio.
Ele acrescenta que, caso o desmatamento ilegal seja efetivamente contido e o Código Florestal implementado de forma robusta, aí sim haveria espaço para discutir possíveis incentivos para produtores que conservarem a vegetação, mesmo em áreas autorizadas para desmatamento.
Monitoramento e legislação europeia
Fernando Sampaio destacou também a preocupação crescente dos clientes internacionais em assegurar que a carne que estão comprando não esteja associada ao desmatamento.
“Nossa indústria aprendeu a monitorar o desmatamento e a gente faz isso desde 2009 na Amazônia, na nossa cadeia”, explicou ele.
No entanto, criticou a recente legislação europeia de combate ao desmatamento, afirmando: “A gente acha que foi uma legislação mal feita, porque cria uma burocracia muito grande e vai ter efeito pequeno no desmatamento em si”.
Sampaio também mencionou desafios relacionados à rastreabilidade. “O Brasil tem uma rastreabilidade que é sanitária, mas como eu adapto esses sistemas para fazer a rastreabilidade sanitária e, ao mesmo tempo, assegurar que em todas as propriedades onde o gado passou, estavam dentro da legalidade?”, questionou.
Produção sustentável
Apesar dos desafios, Sampaio acredita que o Brasil tem potencial para continuar produzindo e exportando carne sem desmatamento.
“O Brasil consegue continuar produzindo e exportando sem desmatamento. Tem área que pode ser melhor aproveitada, como áreas de pastagem de baixa produtividade. Tem potencial de intensificação”, concluiu ele.
A discussão sobre o desmatamento e a sustentabilidade da cadeia produtiva de carne no Brasil segue sendo um tema de grande relevância, especialmente em meio à pressão internacional por práticas mais sustentáveis e à necessidade de adequação a novas regulamentações.
Com informações de Simone Garcia
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