O diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, participou, na noite de terça (27), do evento “Desafios e oportunidades do agro brasileiro nas mudanças climáticas: da produção à política agrícola”, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A palestra foi dividida em três temas: quebra da produção agrícola nas últimas safras; orçamento e cobertura do seguro rural; e emissões globais e o papel do setor agropecuário nas mudanças climáticas.
No início da apresentação, Bruno Lucchi mostrou um histórico do comportamento das últimas safras em relação à quebra da produção por causa do clima. Segundo ele, os períodos de neutralidade climática estão mais raros no país.
“Essa é uma tendência que temos observado nas últimas cinco safras e que exige adequações nos sistemas produtivos e políticas públicas eficientes voltadas à mitigação de risco para ajudar os produtores, principalmente os da região Sul do país, que têm sido muito impactados”, disse.
De acordo com Bruno, a principal ferramenta de mitigação de risco do setor é o seguro rural. Na sua avaliação, para que possa atender toda a demanda dos produtores, o seguro precisa de recursos suficientes e ser uma política de Estado.
“Hoje, apenas 16% da área agrícola é coberta pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Em outros países, como os Estados Unidos, esse valor chega a 80%. Então precisamos estimular a cultura do seguro no Brasil e reduzir a exposição do setor às variações climáticas e, principalmente, de mercado”.
Durante a palestra, o diretor afirmou que, nos últimos anos, o orçamento do seguro rural tem sido reduzido, ao mesmo tempo em que as intempéries climáticas aumentam.
“O valor destinado ao PSR não está atendendo o produtor e vem diminuindo progressivamente a cobertura da área agrícola”.
E para que essa política pública tão importante não se desfaça, Lucchi citou algumas medidas governamentais, dentre elas a previsibilidade do orçamento e a distribuição entre as regiões, a aprovação do projeto de lei que altera o Fundo Catástrofe e o aumento de produtos personalizados por parte das seguradoras.
Já sobre as mudanças climáticas e redução das emissões de gases no Brasil, Bruno destacou que o país é referência em sistemas produtivos sustentáveis, como plantio direto, recuperação de pastagens degradadas, Integração Pecuária-Lavoura-Floresta, fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos animais, entre outros.
“Os nossos modelos de produção são totalmente diferentes do resto do mundo. O produtor rural brasileiro tem total interesse em trabalhar a favor da sustentabilidade porque ele é diretamente impactado pelas variações do clima”.
Entretanto, lembrou o diretor, uma das ferramentas que vai auxiliar o produtor nesse processo, que é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), precisa ser validado pelo governo para que o Código Florestal seja efetivamente implantado no país.
“Hoje temos 7 milhões de cadastros e, desses, 27% tiveram algum tipo de análise e 2% tiveram a validação. Ora, se o produtor não tem a validação do CAR, ele não pode recuperar a área com passivo ambiental. Ou seja, não depende dele, depende do estado. Então a análise do CAR é considerada hoje a principal política para conseguir implementar o Código Florestal em sua plenitude”, concluiu.
Fonte: CNA
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