Dados preliminares levantados pelo Sindag indicam que atualmente pelo menos 28 aeronaves estão combatendo incêndios a serviço de órgãos oficiais, usinas e produtores rurais no Pantanal, São Paulo e Goiás
Nos últimos 60 dias, a aviação agrícola brasileira lançou pelo menos 15,8 milhões de litros de água contra focos de incêndio no Pantanal (MT e MS), São Paulo e Goiás. Em operações que envolveram 28 aeronaves atuando para órgãos oficiais e produtores rurais. Os números são parciais, já que o levantamento deve ser concluído no final da temporada de incêndios, que segue pelo menos até o final de setembro.
Desse total, 14,38 milhões de litros de água foram lançados contra incêndios no Pantanal (no MT e MS), por 17 aeronaves – contratadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelos governos do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Neste caso, no apoio aos mais de 200 brigadistas e bombeiros que fazem o combate em solo.
Em São Paulo, outros pelo menos 11 aviões agrícolas já somaram cerca de 760 mil litros de água empregados no combate a incêndios em lavouras e áreas de preservação. Especialmente contra os focos registrados no final da última semana, em várias partes do Estado. Neste caso, com aeronaves acionadas tanto pelo governo do Estado quanto por usinas.
Isso além das brigadas aéreas de combate a incêndio mantidas por empresas aeroagrícolas de Goiás. Onde cerca de 540 mil litros já foram lançados contra chamas em lavouras (especialmente áreas de palhada de milho) e reservas ambientais nas propriedades. Em operações envolvendo 15 aviões.
Os dados são preliminares e fazem parte de um levantamento que o Sindag está fazendo entre empresas aeroagrícolas que atuam contra chamas nesta temporada. Além de ainda faltar dados de algumas empresas que prestam esse tipo de serviço, vale lembrar que a temporada de incêndios no País ainda segue pelo menos até o final de setembro.
A última vez que o Sindag fez esse levantamento foi sobre as operações de 2021. Naquele ano, empresas de aviação agrícola em todo o País haviam somado 10,9 mil lançamentos de água, somando 19,5 milhões de litros em 4 mil horas totalizadas em voos contra incêndios.
Ação Coordenada
Nas operações aéreas contra chamas, cerca de 90% do trabalho é feito em parceria com brigadistas em solo. Com o líder da equipe em terra solicitando apoio aéreo e coordenando com o piloto como é feito o lançamento. Em grandes incêndios, a função do avião normalmente é reduzir o fogo para que os brigadistas possam chegar aos focos em segurança. Isso porque é pessoal em terra que elimina totalmente as chamas e ainda faz o “trabalho cirúrgico” contra braseiros – que, se não extintos, podem reacender a linha de incêndio.
Aviões agrícolas operam sozinhos quando os focos estão em áreas de difícil acesso, como encostas ou terrenos acidentados. Quando há urgência de fazer um corredor de fuga para a fauna cercada pelas chamas ou quando não há equipe perto e é preciso segurar ou tentar eliminar a linha de fogo com mais lançamentos de água. Neste caso, por exemplo, em fazendas com fogo perto das casas ou instalações – como em 2021, quando um piloto agrícola salvou uma família das chamas que estavam prestes a chegar à residência onde estavam as pessoas.
Prerrogativa
Esse modelo de operação com aviões e brigadistas é adotado internacionalmente. Há mais de três décadas é empregado em reservas naturais brasileiras e, mais tarde, passou a ser usado também em lavouras (junto com brigadistas de fazendas e usinas). Lembrando que a aviação agrícola opera em reservas federais em parceria com equipes do ICMBio desde a criação do órgão, em 2007.
Antes disso, já operava desde os anos 1990 com as equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e (nos Estados) com bombeiros. Para completar, desde os anos 1960 o combate a incêndios em campos e florestas está entre as prerrogativas do setor aeroagrícola. Em 2022 o País ganhou uma Lei Federal incluindo os aviões agrícolas nas políticas de governo para o combate aos incêndios florestais.