Uma iniciativa pioneira na América Latina, de registro de informações, transações e rastreamento da produção de algodão e transparência na indústria têxtil da região, está sendo iniciada e envolve uma cooperativa de pequenos produtores de algodão pima peruano, formada por cerca de 5.200 famílias.
A tecnologia, conhecida como blockchain, permite rastrear dentro de uma rede, de forma rápida e totalmente transparente, informações detalhadas sobre cada etapa da cadeia produtiva que, uma vez cadastradas, não podem ser alteradas, permitindo rastreabilidade e maior confiança na cadeia de valor.
Dez toneladas de fibra de algodão sustentável serão confeccionadas para a criação de uma minicoleção de vestimentas de algodão, sobre que o consumidor terá todas as informações, desde a semente até o produto final. A empresa parceira da iniciativa apoiará a rastreabilidade, desde o descaroçamento do algodão até a produção de peças de vestuário acabadas e sua comercialização no exterior, com marcas internacionalmente reconhecidas.
A iniciativa-piloto é parte do projeto global Enhancing Traceability and Transparency for Sustainable and Circular Value Chains in Garment and Footwear, implementado em conjunto pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) e o Centro de Comércio Internacional (ITC), com recursos da União Europeia, sendo o projeto +Algodão o articulador na América Latina.
Mais Algodão
O projeto +Algodão é executado, desde 2013, em sete países da região, de forma conjunta pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), coordenadora da iniciativa, e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e os governos da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru.
Espera-se que, numa próxima fase do projeto, a produção do algodão orgânico também possa ser rastreada com a tecnologia blockchain, articulada com o compromisso da indústria têxtil sustentável do Peru.
O projeto de cooperação sul-sul trilateral +Algodão apoia a iniciativa por meio do fortalecimento das capacidades das cooperativas para a elaboração de um plano de negócios, acesso a mercados, cadastro de informações, entre outros aspectos.
Para a assistente executiva regional do projeto, Ingrid Zabaleta, essa iniciativa-piloto de comercialização com rastreabilidade é “inovadora para a agricultura familiar algodoeira, favorecendo maior competitividade da fibra peruana no mundo”, destacou.
Ricardo Yarleque, gerente da cooperativa, considera a iniciativa experimental como “oportunidade para reposicionar o algodão pima peruano, que é o melhor e com a fibra mais longa do mundo, além de ajudar os pequenos agricultores a viverem uma nova experiência”.
Já o Gerente Geral da empresa parceira, Jose Ignacio Llosa, afirmou que “assumimos a nossa participação nesta inciativa-piloto com grande entusiasmo, pois consideramos que se torna cada vez mais necessário reforçar os mecanismos de rastreabilidade que transmitam confiança aos nossos clientes. O alto grau de integração de nossos processos produtivos, do descaroçamento à confecção, somado à tecnologia blockchain, favorecem a cadeia produtiva do algodão do Peru”, afirmou.
Potencial algodoeiro na América Latina
A produção de algodão é fundamental para as economias de pelo menos 75 países produtores, em todo o mundo. Na região da América Latina e do Caribe, o algodão é importante para os territórios e economias rurais, sendo 80% dele produzido principalmente por agricultores familiares, segundo dados coletados pelo projeto +Algodão. No caso do Peru, a cadeia de valor do algodão gera empregos para cerca de 430 mil pessoas, das quais mais de 10 mil são da agricultura familiar.
Um dos maiores desafios da indústria têxtil está na sustentabilidade do setor, desde a semente até o vestuário. Isso implica trabalhar com produtos com as melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) que sigam os padrões internacionais estabelecidos pelas Nações Unidas e outras organizações internacionais. Outro aspecto importante é a certificação, que acaba sendo uma das ferramentas para que o setor algodoeiro gere mais valor. O perfil do novo consumidor é cada vez mais exigente, consciente e atento aos comportamentos sustentáveis da indústria da moda.
Essa iniciativa-piloto favorece a articulação da cadeia de valor do algodão do Peru; promove boas práticas agrícolas, conhecimentos e aprendizados gerados, inclusive com o apoio do projeto +Algodão, com um pacote de tecnologias comprovadas no campo, promovendo a competitividade do algodão peruano. Tudo isso com impacto no posicionamento do algodão peruano de fibra extralonga, mundialmente conhecido por sua alta qualidade.
Fonte: Com informações da FAO
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