A produção de ovos livres de gaiolas é uma prática que já é lei em outros países e que está ganhando espaço no Brasil.
Segundo a diretora técnica da Alianima, Patrycia Sato, o sistema livre de gaiolas é, em contrapartida, um sistema que considera tanto o comportamento quanto a saúde e o bem-estar das aves. Ela explica que como as galinhas não ficam alojadas em gaiolas, isso permite a manifestação de alguns comportamentos essenciais das aves, como se empoleirar, explorar o ambiente, o solo bicando ou forrageando e reservando uma área para o ninho.
O Brasil alcançou o quinto lugar de maior produtor mundial de ovos, em 2023, foram mais de 52 bilhões de ovos produzidos. E com o aumento do consumo e da conscientização na busca por alimentos mais saudáveis e sustentáveis, o bem-estar animal também virou um fator de atenção dos consumidores.
“O futuro da produção e do consumo de alimentos no Brasil, deverá ser alcançada através de uma trajetória que já está em curso de importantes transformações em relação à incorporação de tecnologias disruptivas incrementais tanto na produção, beneficiamento e na comercialização”, afirma o analista da Embrapa Suínos e Aves João Dionísio.
Além do ambiente adequado para a criação dos animais soltos, o cuidado começa com a própria alimentação. O avicultor Paulo Nunes conta que decidiu implementar o sistema na granja, produzindo a própria ração das galinhas.
Com cinco anos de experiência, Paulo Nunes já percebeu a diferença no comportamento das aves e na qualidade dos ovos produzidos.
“Em primeiro lugar, não tem aquele cheiro forte. E a coloração é mais laranja, a gema é mais laranjinha e não é aquele ovo aguado que, quando quebra, aquele ovo é aguado, não, é totalmente diferente”, explica o avicultor.
No Brasil, o mercado está em expansão, são 175 empresas, com destaque para os supermercadistas, que fazem esses produtos chegarem com mais facilidade na mesa do consumidor.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, o setor supermercadista se preocupa com o bem-estar animal e vem fortalecendo, ano a ano, o relacionamento com os fornecedores e a comunicação com o consumidor e com as lojas para que haja um avanço consciente e consistente, desde a produção até as gôndolas.
O progresso das empresas brasileiras para a transição de ovos livres de gaiolas até 2028 foi o destaque de uma recente pesquisa. Segundo os dados, 26% dos varejistas e atacadistas que participaram da primeira edição do observatório do ovo, disseram que estão empenhados em cumprir as promessas de bem-estar animal e avançar rumo as práticas alimentares mais sustentáveis.
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