Na Europa, os protestos de agricultores contra a alta de custos influenciaram a agenda ambiental do bloco econômico.

A votação da lei da cadeia de suprimentos foi suspensa e o passo atrás dado pelos governos é o tema da análise do coordenador do Observatório de Bioeconomia da FGV, Daniel Vargas.

Veja a análise na íntegra:

O bloco europeu anunciou há pouco que suspendeu a decisão de votar a lei chamada Supply Chain law ou Lei da Cadeia de Suprimentos. O objetivo dessa norma, tão aguardada pelo bloco europeu, era de tornar obrigatório para todas as empresas europeias, com mais de 250 funcionários, a responsabilidade de cumprir com um conjunto de obrigações ambientais e sociais abrangentes em todas as suas operações e em qualquer parte do mundo.

As empresas deveriam realizar uma chamada due diligence com análise de risco e garantir que nenhuma de suas operações, de forma direta ou indireta gerassem qualquer impacto para direitos humanos, trabalhistas, proteção da biodiversidade, impacto climático e questões sociais abrangentes.

Itália e Alemanha foram os países que vieram a público para dizer que não era o momento de seguir com a votação dessa norma. A preocupação cada vez mais disseminada entre os diversos países da Europa é um momento de crise econômica do continente.

O risco de burocratização seguido do aumento de custos para as empresas, poderia também contribuir para minar a competitividade de uma economia que já sofre com todas as consequências da guerra da Ucrânia e uma competição internacional cada vez mais rigorosos.

Diante desse contexto, parece que a Europa, agora, em parte movida pelos protestos e as críticas que tem sido feitas a exageros burocráticos na transição verde, opta por dar um passo para trás. Olhar primeiro para si mesmo, para as condições de crescimento e de produção e depois se fala do meio ambiente.

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