Os eventos climáticos extremos, como alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação, tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.
É o que diz um Informe técnico divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta quarta-feira (25).
Segundo o documento, cenários climáticos desfavoráveis podem causar diversos problemas para produtores agrícolas, como a elevação nos custos de produção, aumento de preços ao consumidor, a disponibilidade da oferta de alguns alimentos, perda de qualidade e redução da produtividade.
Frutas
A irregularidade da chuva provocou estresse hídrico e prejudicou o desenvolvimento de várias frutas. No caso da banana, os preços sofreram elevação por conta de sua baixa produção, o que ocorreu devido à acentuada irregularidade das chuvas que prejudicou o desenvolvimento dos cachos. Assim, os preços devem continuar elevados pelo menos até início de novembro, quando deverá chegar ao mercado a nova safra da banana nanica advinda do Vale do Ribeira, norte catarinense e norte mineiro, e, em dezembro, a safra da banana prata, oriunda principalmente de Minas Gerais e Bahia.
A laranja é outra fruta que poderá vir a ter problemas com o estresse hídrico, o qual já compromete a qualidade de vários lotes. Este estresse ocorre devido à massa de ar quente instalada sobre grande parte do Brasil. Para a laranja, 85% da produção está concentrada no cinturão citrícola composto pelo estado de São Paulo e pelo
Triângulo Mineiro, regiões bastante afetadas pela estiagem e ainda castigadas, nas últimas semanas, pelas queimadas, com extensão de danos ainda por ser calculada.
Como o Brasil é o maior produtor do mundo de laranja e de suco e os estoques do produto estão baixos, a tendência é que a indústria continue demandando fortemente a fruta, num contexto em que a safra prevista será baixa e, provavelmente, a safra 2025/26 também. Tal situação provocará menores excedentes da fruta para o atacado e para o mercado de mesa, colaborando para que os preços se mantenham elevados por longo período.
Hortaliças
De um modo geral, esses produtos tendem a apresentar preços declinantes nesta época, o que é comprovado pelo fato de que os preços estão em queda pelo menos desde abril/maio.
Entretanto, a prolongar a ausência de chuvas, lavouras sem sistema de irrigação poderão ser fortemente prejudicadas. Além disso, segundo a Ceagesp, no interior paulista há comprometimento de algumas lavouras que foram atingidas pelas queimadas. É o caso, por exemplo, do quiabo em Ribeirão Preto, que subiu a média
de preços de R$5,75 em agosto para R$15,50 (170%) na semana de 08/09 a 14/09.
Com relação à alface, colaboradores do Hortifruti/Cepea relatam perda na qualidade da hortaliça devido à queima de borda motivada pelas temperaturas elevadas, pressionando os preços recebidos pelos produtores para baixo.
Neste contexto, é previsível a elevação de preços nos próximos meses, o que será impulsionado também pela chegada do verão e o consequente aumento do consumo de refeições leves, nas quais as hortaliças cumprem destacado papel.
Preços
De modo geral, não há previsão de aumento nos preços de produtos como milho, arroz e trigo em decorrência da estiagem. Destaca-se, ainda, que os preços do trigo e do milho estão em baixa.
Sobre leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto nos preços deve ser mais duradouro durante o período de estiagem, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas. Os preços podem começar a apresentar algum alívio somente após a retomada de chuvas regulares e
de melhorias na umidade do solo, o que pode demorar alguns meses dependendo da estação e da região.
Em relação a esses produtos, estima-se que os consumidores percebam esse aumento de preços provavelmente nos próximos meses, ante a intensificação da estiagem e o consequente reflexo nos preços ao consumidor final.
Fonte: Conab
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