O governo brasileiro decidiu permanecer na mesa de negociações com os Estados Unidos, mesmo diante da ameaça concreta de que a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros entre em vigor a partir de 1º de agosto. A informação foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à Rádio CBN nesta segunda-feira (21). A medida, anunciada por Donald Trump, candidato à reeleição nos EUA, tem potencial de impactar diversos setores da economia brasileira — entre eles, o agronegócio.
De acordo com Haddad, o governo Lula está empenhado em manter o diálogo e evitar a escalada de tensões comerciais.
“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é de que não demos nenhuma razão para sofrer esse tipo de sanção”, afirmou o ministro.
Até o momento, os Estados Unidos não responderam às duas cartas enviadas pelo governo brasileiro, a última delas na semana passada.
Enquanto a resposta não chega, o governo trabalha na elaboração de cenários alternativos e planos de contingência para mitigar os efeitos da medida, caso ela seja confirmada. Entre as opções avaliadas estão o apoio direto a setores mais afetados e a aplicação da lei da reciprocidade, que permite ao Brasil adotar medidas comerciais equivalentes contra os EUA.
“Temos um grupo de trabalho se preparando para apresentar alternativas ao presidente Lula”, disse Haddad.
Agronegócio monitora impactos
Embora a tarifa de 50% afete todos os produtos exportados do Brasil para os EUA, o agronegócio brasileiro segue como uma das áreas mais sensíveis. Os Estados Unidos são importantes compradores de itens como café solúvel, ovos, carnes e mel — produtos que já começaram a sentir os reflexos da instabilidade.
No caso do café solúvel, os EUA são responsáveis por quase 20% das exportações brasileiras, movimentando mais de US$ 100 milhões apenas no primeiro semestre de 2025. A ameaça de tarifas mais altas pode reduzir a competitividade brasileira frente a fornecedores isentos ou menos taxados, como o México. No setor de mel, 50 contêineres com destino ao mercado americano já tiveram o envio suspenso. A Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido (Casa Apis) aguarda uma definição antes de retomar os embarques.
Apesar da pressão, Haddad reafirmou que o Brasil não responderá com retaliações precipitadas. Segundo ele, a intenção é proteger os interesses nacionais com serenidade e responsabilidade.
“Não vamos pagar na mesma moeda, mas estamos atentos. O presidente Lula pediu que nos preparemos para qualquer decisão.”
Conflito político e interesses cruzados
Para o ministro, a relação entre Donald Trump e o ex-presidente Jair Bolsonaro é um fator adicional de tensão. Haddad apontou que o Brasil tem sido alvo de uma postura “injustificada” dos EUA, mesmo mantendo um saldo comercial negativo com os norte-americanos. Ele também estranhou o anúncio de que Trump pretende investigar o Pix, sistema de pagamento brasileiro que tem se destacado mundialmente.
“Como o Pix pode ser uma ameaça a um império?”, ironizou.
Compromisso com a estabilidade fiscal
Haddad aproveitou a entrevista para reforçar o compromisso do governo Lula com a responsabilidade fiscal, negando qualquer intenção de rever a meta fiscal. Segundo ele, o país entregará “o melhor resultado fiscal dos últimos 12 anos” até o fim do atual mandato.
“A obsessão da equipe econômica é entregar o melhor resultado desde 2015. E isso vai ser entregue”, concluiu.
Enquanto a diplomacia tenta evitar o confronto comercial, o agronegócio brasileiro segue atento aos desdobramentos e à necessidade de ajustes estratégicos para preservar mercados, garantir competitividade e mitigar eventuais perdas.
Com informações do Ag. Brasil
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