No coração da Amazônia, o município de Medicilândia (PA) se destaca como símbolo da nova fronteira sustentável do cacau brasileiro. O estado do Pará, já líder nacional na produção do fruto, agora ganha protagonismo também na transformação da cadeia produtiva com inovação, certificação e valorização do pequeno produtor — como mostra o caso do agricultor João Batista, apoiado pelo projeto Sustenta e Inova, do Sebrae no Pará.
Aos 43 anos, João comanda o Viveiro Tabosa, herdado do pai, e que nos últimos anos passou por uma verdadeira revolução. De uma produção modesta de 5 mil mudas de cacau, o viveiro saltou para 50 mil em 2024 e deve alcançar 100 mil ainda neste ano. O crescimento foi impulsionado pela capacitação técnica, acesso à certificação e apoio financeiro e institucional promovido pelo Sebrae em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
“Sem o projeto Sustenta e Inova eu não chegaria onde estou. O Sebrae acreditou no meu trabalho e me deu as ferramentas para crescer”, afirma João Batista.
O viveiro agora é certificado pelo Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas), o que abre portas para vendas a prefeituras e projetos de reflorestamento em outras regiões.
Segundo Rubens Magno, diretor superintendente do Sebrae/PA, o projeto evidencia o potencial transformador dos pequenos negócios amazônicos.
“Essa mudança é um exemplo claro de como a sustentabilidade e a inovação caminham juntas na construção de uma nova economia. A certificação e a adoção de boas práticas de manejo colocam o produtor como protagonista da bioeconomia”, reforça.
Além de acesso à tecnologia, o projeto Sustenta e Inova investe na formação gerencial, adequação estrutural dos viveiros, marketing e preparação para mercados exigentes. “O maior gargalo era a falta de informação. Ao capacitar os produtores, mostramos como eles podem sair da informalidade e acessar mercados mais valorizados”, explica Márcia Carneiro, analista do Sebrae em Altamira.
O cenário internacional também favorece o movimento. A quebra de safra em países africanos, principais exportadores mundiais de cacau, elevou o preço da tonelada a níveis recordes — ultrapassando US$ 11 mil em 2025, um aumento de 190% em dois anos. Enquanto isso, o Brasil, sexto maior produtor global, ainda depende de importações. Em 2023, foram 43,3 mil toneladas, principalmente da África.
No Pará, a valorização do preço pago ao produtor e o apoio de iniciativas como o Sustenta e Inova fizeram a produção crescer 3,8% em 2024. O estado caminha para se consolidar não apenas como o maior produtor, mas como referência em cacau sustentável e de qualidade superior.
Cacau amazônico e COP 30: alinhamento com a agenda climática global
A transformação em curso em Medicilândia também dialoga com os compromissos do Brasil na agenda ambiental global. A realização da COP 30, em Belém, em 2025, reforça a urgência e a visibilidade de soluções sustentáveis para a Amazônia — e o cacau, nativo da região, surge como símbolo da reconciliação entre economia e floresta.
“O legado da COP vai além das negociações internacionais. Queremos mostrar ao mundo que a Amazônia produz com qualidade, responsabilidade e inovação. E o cacau do Pará é um embaixador dessa nova realidade”, resume Rubens Magno.
Crescimento com raízes firmes
O caso de João Batista é mais que um exemplo de sucesso individual. Ele representa um modelo de desenvolvimento rural que alia tradição, tecnologia e impacto social. Com 10 empregos gerados no viveiro, ele demonstra que a valorização do agricultor familiar pode ser motor de renda, inclusão e conservação ambiental.
Enquanto o mundo discute o futuro do clima, o Pará planta — com responsabilidade e técnica — as sementes de um novo tempo para o cacau brasileiro.
Com informações do Sebrae
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