A decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros preocupa o setor agroexportador e pode comprometer a competitividade do Brasil em um de seus principais mercados. Levantamento da consultoria agro do Itaú BBA mostra que commodities como carne bovina, café, suco de laranja e celulose estão entre as mais afetadas. Em todos esses casos, as tarifas se somam a tributos já existentes, tornando as exportações potencialmente inviáveis.
Os impactos já começaram a ser sentidos. O anúncio da tarifa fez o dólar disparar, saindo de R$ 5,44 para R$ 5,60 no mesmo dia. A desvalorização cambial pode favorecer alguns embarques, como os de soja e milho, mas pressiona os custos de produção, sobretudo pela alta no preço dos fertilizantes importados.
No caso da carne bovina, por exemplo, a tarifa de 50% será somada à já existente de 26,4%, elevando o custo total para 76,4%.
“Com esse nível de taxação, a exportação para os EUA praticamente deixa de ser viável”, aponta o relatório.
Atualmente, os EUA representam 12% das exportações brasileiras de carne bovina in natura, atrás apenas da China.
Outro produto fortemente impactado será o suco de laranja. O Brasil é responsável por mais de 60% das exportações do produto para os EUA, país que enfrenta uma das piores safras de laranja da história na Flórida. A tarifa adicional de 50% elevará o custo por tonelada em cerca de US$ 2.600, reduzindo drasticamente a competitividade do suco brasileiro, que já enfrenta concorrência do México.
O café, terceira principal commodity exportada para os EUA, também sofrerá com a medida. Com o Brasil respondendo por 42% do arábica consumido globalmente, a substituição do fornecedor não será simples e pode gerar pressão inflacionária ao consumidor americano.
O sebo bovino, embora menos relevante em termos de valor absoluto, é quase totalmente exportado para os EUA. Cerca de 98% do volume embarcado vai para esse mercado, que poderá ser parcialmente suprido por concorrentes como Argentina e Austrália.
Já no setor florestal, a celulose foi responsável por US$ 1,7 bilhão em vendas aos EUA em 2024. O impacto das tarifas pode abrir espaço para fornecedores como o Canadá, reduzindo a fatia brasileira nesse mercado.
A consultoria do Itaú BBA afirma que o cenário ainda é incerto e pode mudar rapidamente caso haja avanço nas negociações. Há precedentes de tarifas elevadas que foram posteriormente revistas. A expectativa agora gira em torno do impacto na taxa de câmbio, dos efeitos sobre os custos dos insumos e das decisões diplomáticas entre os dois países.
“O Brasil é um fornecedor estratégico de alimentos e insumos essenciais para os EUA. A resposta brasileira precisa equilibrar firmeza e diplomacia”, conclui a análise.
Com informações do Radar Agro
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