O governo federal lançou nesta terça-feira (1º), no Palácio do Planalto, o Plano Safra 2025/26 para a agropecuária empresarial, anunciando R$ 516,2 bilhões em recursos — um aumento nominal de 1,5% em relação ao ciclo anterior. A expectativa é fomentar principalmente operações de custeio e comercialização, que concentrarão R$ 414,7 bilhões, enquanto as linhas de investimento terão R$ 101,5 bilhões.
Apesar do volume considerado expressivo, especialistas apontam que as cifras podem não se traduzir em crédito efetivo no campo. O advogado Leandro Marmo, especialista em direito do agronegócio, alerta para a dificuldade de acesso ao financiamento.
“Não basta anunciar valores recordes se o dinheiro não chega de forma prática e com taxas viáveis ao produtor”, afirma.
A crítica se refere principalmente à alta taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano, que pressiona o custo do crédito rural. O governo prevê R$ 113,8 bilhões em recursos com juros equalizados e outros R$ 75 bilhões com linhas controladas, totalizando R$ 189 bilhões a taxas mais moderadas. Ainda assim, 70% do montante continuará sujeito a taxas livres de mercado, muitas acima de 20% ao ano, o que, segundo Marmo, compromete a competitividade e a capacidade de investimento do produtor rural.
“O problema estrutural persiste. Esses recursos não são colocados diretamente pelo governo, dependem de bancos que estão cada vez mais reticentes em operar essas linhas”, explica o especialista.
Ele lembra que, na safra passada, foram anunciados R$ 508 bilhões, mas apenas cerca de R$ 400 bilhões chegaram efetivamente aos produtores — muito abaixo das necessidades totais do setor, estimadas em mais de R$ 1,5 trilhão.
As taxas estabelecidas para este ciclo variam de 10% ao ano para custeio de médios produtores a 14% para demais produtores, e de 8,5% a 13,5% para linhas de investimento. Mesmo no caso do Pronamp, voltado aos médios produtores, que terá R$ 69,1 bilhões e teto de renda ampliado para R$ 3,5 milhões, a crítica é que subsídios ainda são insuficientes: apenas R$ 15 bilhões devem equalizar juros em 30% do valor total.
Marmo destaca que países concorrentes, como Estados Unidos, França e Alemanha, subsidiam entre 30% e 50% do crédito rural, enquanto no Brasil o apoio direto mal chega a 2%.
“Essa falsa impressão de que o agro é autossuficiente mascara a dependência de insumos caros e de crédito arriscado, o que ameaça não só a renda no campo, mas a própria segurança alimentar do país”, conclui.
Com informações da assessoria de imprensa
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