Em meio às tensões comerciais provocadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, parlamentares dos países que integram o BRICS defenderam, nesta terça-feira (3), o multilateralismo e o fortalecimento do comércio entre os membros do bloco. As declarações ocorreram durante o 11º Fórum Parlamentar do BRICS, sediado no Congresso Nacional, em Brasília.
Representantes das comissões de relações exteriores de 15 países participaram do encontro. Além dos fundadores — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — estiveram presentes delegações dos novos membros permanentes (Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) e de países parceiros, como Belarus, Bolívia, Nigéria e Cazaquistão.
Durante os debates, os parlamentares reforçaram a necessidade de respostas conjuntas ao protecionismo crescente e às ameaças à paz global.
“Temos objetivos em comum: a prosperidade dos nossos povos e a superação do recrudescimento do protecionismo”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
A adoção de uma moeda única para o comércio entre os países do bloco foi discutida, mas segue sem consenso. O Brasil é contrário à proposta neste momento, embora parlamentares admitam que alternativas ao dólar estão sendo analisadas.
“A gente sabe que isso não é simples, mas diante do conflito comercial global, é natural que os países afetados busquem formas de se defender”, destacou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O parlamentar lembrou que tentativas semelhantes já ocorreram em blocos como o Mercosul, e ponderou que o processo exige tempo e negociação.
“Não tomar nenhuma atitude também não é uma opção”, disse.
Agronegócio sustentável como exemplo
As discussões também abordaram temas como desenvolvimento sustentável, inteligência artificial, segurança sanitária e meio ambiente. O agronegócio brasileiro foi citado como referência em aliar produtividade à preservação ambiental.
“Nós não precisamos mais desmatar para aumentar nossa produção”, afirmou o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), coordenador do fórum. A declaração foi reforçada por Nelsinho Trad, que rebateu críticas internacionais. “O meio ambiente é respeitado no Brasil. Existem exceções, mas a maioria dos brasileiros protege seus recursos naturais”, garantiu.
Importância estratégica no cenário global
Criado em 2006, o BRICS se consolidou como uma força geopolítica e econômica com impacto direto no setor agropecuário. O bloco representa quase metade da população mundial e 40% da riqueza global. No campo, os números são ainda mais expressivos: mais de 30% da terra agrícola global, 40% da produção de cereais e carnes, 40% dos lácteos e mais da metade dos peixes e frutos do mar produzidos no planeta.
Em 2024, mais de 40% da produção agrícola brasileira foi destinada aos países do BRICS, com um faturamento superior a US$ 67,3 bilhões.
O fórum parlamentar funciona como preparação para a cúpula de chefes de Estado do BRICS, que ocorrerá no fim de julho. Até lá, os países continuarão as tratativas sobre temas estratégicos, como a governança global, a cooperação econômica e os mecanismos multilaterais de paz e segurança.
Por Álvaro Couto – Repórter Agro+
Fique por dentro das principais notícias do Agro no Brasil e no mundo!
Siga o Agromais nas redes sociais: Twitter | Facebook | Instagram | YouTube.
Tem uma sugestão de pauta? Nos envie pelo e-mail: agromaisproducao@gmail.com.
Acompanhe nossa programação 24 horas na TV — Claro: Canal 189 e 689 | Sky: Canal 569 | VIVO: 587