Um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China voltou a acender o sinal de alerta no agronegócio brasileiro. A especulação de um entendimento bilateral entre as duas potências reacende a preocupação sobre a perda de espaço do Brasil nos mercados globais, especialmente nos segmentos de soja e proteína animal, setores em que o país tem se destacado nos últimos anos.
Para a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, as tarifas ainda vigentes entre os EUA e a China são um obstáculo relevante ao comércio bilateral. No entanto, ela avalia que há uma tendência de flexibilização que pode resultar em um acordo.
“Caso isso envolva um compromisso direto de compras, o agronegócio brasileiro pode ser diretamente impactado”, afirmou.
O advogado Leandro Marmo, especialista em Direito do Agronegócio e CEO do escritório João Domingos Advogados, também chama atenção para o momento. Segundo ele, o cenário atual lembra o período do primeiro mandato de Donald Trump, quando disputas comerciais entre Washington e Pequim abriram oportunidades para o Brasil.
“Estamos vivendo um cenário muito parecido com o do início da década passada. O Brasil soube ocupar espaço, mas é aquela velha história: quando uma janela se abre, muitas vezes uma porta se fecha”, afirmou Marmo.
Apesar da demanda aquecida no mercado externo, o advogado destaca que o ambiente interno tem se tornado cada vez mais desafiador para o produtor rural brasileiro.
“Os custos de produção dispararam, os juros estão elevados e o crédito rural continua inacessível. O Plano Safra não dá conta do recado. Tem mercado, tem produto, mas o produtor está sem dinheiro para produzir. Essa é a conta que não fecha.”
Marmo defende que o país precisa adotar uma postura diplomática estratégica para preservar sua posição no comércio agrícola internacional.
“Não basta ter produto competitivo. Precisamos de estabilidade política, segurança jurídica e um plano de ação que proteja o produtor nacional.”
Com informações da assessoria de imprensa
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