O mercado de cebolas no Brasil permanece instável no início de 2025, com volumes expressivos de importação e tendência de alta nos preços. Em março, o país importou 19.728 toneladas do vegetal, quase cinco vezes mais do que em fevereiro, quando haviam sido adquiridas 3.471 toneladas no mercado externo. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo levantamento do Hortifrúti/Cepea, os principais fornecedores foram a Argentina, com 58% do total importado, e o Chile, com 42%. Ambos os países contam com grandes volumes armazenados, o que deve manter as exportações em alta nos próximos meses.
“Em um mercado instável e com grandes volumes de importação, o Brasil enfrenta um cenário desafiador, reflexo direto da dinâmica global de oferta e demanda. Esse contexto exige uma adaptação estratégica contínua para garantir a sustentabilidade e o equilíbrio do setor agrícola nacional, com manejo tático e máximo de proteção ao cultivo”, avalia José Rodolfo Forte, engenheiro agrônomo e especialista em Desenvolvimento de Mercado da Ascenza Brasil.
Apesar da previsão de aumento de 44% na produção nacional da safra 2024/2025, estimada em 127,6 mil toneladas, as importações devem seguir aquecidas. Em 2024, o Brasil já havia registrado o ingresso de 257,4 mil toneladas de cebola, um crescimento de 92% em relação ao ano anterior.
A expectativa de redução da área plantada em regiões como o Cerrado e o Nordeste, somada à colheita comprometida pelo calor excessivo no Sul — especialmente em Santa Catarina — pressiona ainda mais a demanda por produtos estrangeiros. Em cidades como Ituporanga e Lebon Régis, os estoques de cebola nacional não devem se manter até junho, como previsto inicialmente.
Com isso, os compradores dessas regiões têm priorizado as cebolas da Argentina e do Chile, que chegam com boa qualidade. Essa variação entre oferta interna e oferta externa tem sido determinante para os preços.
Alta nas Ceasas
A Conab registrou aumento dos preços em onze Centrais de Abastecimento analisadas em março. A média das altas foi de 11,4% em relação a fevereiro. Ainda assim, os valores seguem abaixo dos patamares dos anos anteriores: na Ceagesp, em São Paulo, a cebola foi vendida por preços 56% menores que em março de 2024 e 17% inferiores a março de 2023.
Importância e desafios da cebolicultura
Com cultivo datado de pelo menos 5 mil anos, a cebola é uma das hortaliças mais relevantes do mundo. No Brasil, cerca de 70% da produção vem da agricultura familiar, principalmente nas regiões Sul e Nordeste.
Entre os principais desafios do cultivo estão as doenças e pragas como míldio, mancha-púrpura, podridão-branca e trips. O manejo integrado, com controle biológico e químico, rotação de culturas e escolha adequada de variedades, é essencial para garantir produtividade.
As variedades mais usadas no Brasil incluem tipos de dias curtos, como Optima, Bella Dura e IPA 11, mais adaptadas às regiões quentes. A escolha da variedade depende do clima, tipo de solo, resistência a doenças e finalidade da produção.
Cultivo, colheita e armazenagem
A cebola tem ciclo de crescimento entre 90 e 150 dias. Para um bom desenvolvimento, o cultivo exige espaçamento adequado, irrigação controlada e adubação balanceada com nutrientes como fósforo, potássio e nitrogênio.
A colheita deve ser feita quando as folhas murcham e os bulbos atingem cerca de 7 a 10 cm de diâmetro. Após a colheita, as cebolas precisam ser curadas em ambiente seco e ventilado para garantir durabilidade. O armazenamento ideal ocorre entre 0°C e 4°C, em local fresco, seco e sem incidência de luz solar direta.
Fonte: Ascenza
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