Em uma visita oficial marcada por compromissos concretos e discursos alinhados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (22), em Brasília, o presidente do Chile, Gabriel Boric, para uma intensa agenda bilateral que culminou na assinatura de 13 acordos e memorandos de entendimento. Os documentos abrangem áreas estratégicas como justiça, segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, agricultura, pecuária, pesca, cultura e inteligência artificial.
Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, Lula destacou a importância do encontro como ponto de inflexão nas relações entre os dois países.
“Esse dia, para mim, é muito importante, não apenas pelos acordos e protocolos de intenções que foram assinados. É apenas o começo de uma história. A nossa relação nunca mais será a mesma, porque nós temos a obrigação de fazer com que ela seja melhor, melhor e melhor”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula também defendeu uma maior articulação entre os países da América do Sul para fortalecer o desenvolvimento regional.
“Isolados, nós somos muito fracos. Nós não nascemos para viver mais 500 anos como um país pobre, vendo nossos países serem governados para 35% ou 45% da população. Temos que fazer parcerias com nossos vizinhos”, enfatizou.
Corredor Bioceânico de Capricórnio: integração na prática
Um dos temas centrais da reunião foi o avanço da Rota Bioceânica de Capricórnio, projeto estratégico que ligará portos do Sudeste e Sul do Brasil (São Paulo, Paraná e Santa Catarina) aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no norte chileno. A previsão é que as obras da infraestrutura sejam concluídas até 2026. A expectativa é de que a rota facilite o escoamento de produtos brasileiros para o mercado asiático, via Pacífico, além de dinamizar o turismo e os serviços entre os países envolvidos.
Gabriel Boric reafirmou o interesse do Chile em intensificar os laços com o Brasil e ressaltou que a prioridade dos dois governos é o bem-estar das populações.
“Tivemos uma reunião que vai além do protocolo. Nós não esquecemos para quem estamos trabalhando: os mais desfavorecidos, os mais pobres, os mais necessitados. Somos aliados importantes do Brasil, mas temos muito potencial para explorar”, declarou.
Comércio e investimentos em alta
O intercâmbio comercial entre Brasil e Chile segue dinâmico. De janeiro a março de 2025, os países movimentaram US$ 2,7 bilhões em comércio bilateral. O Brasil exportou US$ 1,56 bilhão — com destaque para óleos brutos de petróleo, carnes, automóveis e tratores — e importou US$ 1,21 bilhão, principalmente derivados de cobre, salmão e vinhos. O superávit brasileiro no período foi de US$ 350 milhões.
Além disso, o Brasil é o país com maior estoque de investimentos externos chilenos no mundo. Empresas do Chile atuam em setores como papel e celulose, energia e varejo no território brasileiro. Já o Brasil mantém investimentos no Chile em áreas como mineração, fármacos, siderurgia, construção e serviços financeiros.
Fórum Empresarial reforça sinergias
Encerrando a agenda, os presidentes participaram do Fórum Empresarial Brasil-Chile, que reuniu empresários, autoridades e representantes do setor produtivo dos dois países. O evento abordou a integração das cadeias produtivas e o papel da Rota Bioceânica de Capricórnio na reconfiguração das relações comerciais entre as duas economias. Também foram discutidas oportunidades em turismo, energia e finanças sustentáveis.
O Fórum destacou a convergência entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, blocos regionais dos quais Brasil e Chile fazem parte, e sinalizou um novo ciclo de cooperação mais pragmática e voltada ao desenvolvimento sustentável.
Integração como projeto de futuro
A visita de Gabriel Boric a Brasília marca mais do que a assinatura de acordos: representa um passo firme em direção a uma América do Sul mais integrada, moderna e socialmente justa.
“O futuro dos nossos povos depende da capacidade de transformarmos boas intenções em ações concretas. E foi isso que fizemos hoje”, concluiu Lula.
Com informações do Planalto
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