Em discurso contundente durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizada nesta terça-feira (09) em Tegucigalpa, capital de Honduras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou para os riscos à soberania da América Latina e do Caribe diante da nova configuração geopolítica mundial. Ao longo de sua fala, o chefe de Estado brasileiro abordou temas como a defesa da democracia, a urgência de uma transição climática justa e a necessidade de ampliar a integração econômica entre os países da região.
“Estamos diante de um dos momentos mais críticos da nossa história. Percorremos um longo caminho para consolidar nossos ideais de emancipação, mas seguimos convivendo com exclusão social, fome e miséria”, declarou Lula, ao ressaltar que as potências globais ainda exercem pressão sobre os países latino-americanos, colocando em xeque sua autonomia.
O presidente alertou para os efeitos da instabilidade internacional sobre as economias da região. “Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, disse. Segundo ele, manter os países da CELAC unidos é a única forma de impedir que a região volte a ser tratada como mera “zona de influência” de superpotências.
Durante sua fala, Lula defendeu a retomada de instrumentos de integração criados nos anos 2000, como a Unasul e a própria CELAC, e elogiou os avanços de outras regiões do mundo, como a ASEAN, a União Europeia e a União Africana. Ele também propôs a criação de um grupo de trabalho para rever a regra do consenso, que tem travado decisões no bloco.
“O momento exige que deixemos as diferenças de lado. É hora de resgatar o espírito plural e pragmático que nos uniu no passado”, afirmou, propondo um programa comum de ação baseado em três pilares: democracia, clima e integração econômica.
Na área ambiental, Lula reforçou a gravidade da crise climática e ressaltou a importância da região no enfrentamento dos desafios globais.
“A COP30, em pleno coração da Amazônia, não será apenas a COP do Brasil, mas de toda a América Latina e Caribe”, disse. Ele também anunciou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que remunerará países pela preservação de florestas nativas.
Sobre economia, o presidente defendeu a ampliação do comércio regional, a integração de redes de transporte e telecomunicações, e o fortalecimento das instituições financeiras regionais. Destacou ainda o papel do Brasil como maior parceiro comercial dos países da CELAC e mencionou a importância de reativar mecanismos como o Convênio de Pagamentos da ALADI e o Sistema de Pagamentos em Moeda Local.
Em tom diplomático, Lula reforçou a importância de manter a América Latina como uma “zona de paz”, condenando embargos, sanções e conflitos. Fez menção direta ao embargo a Cuba, às sanções à Venezuela e à crise social no Haiti. Também defendeu a eleição da primeira mulher à frente da ONU, como símbolo de renovação no cenário global.
Ao final, o presidente brasileiro agradeceu à liderança da presidente hondurenha Xiomara Castro, atual presidente da CELAC, e manifestou apoio ao colombiano Gustavo Petro e ao uruguaio Yamandú Orsi, que assumirão as próximas presidências do bloco.
“Contem com o Brasil para seguir construindo nossa Pátria Grande”, finalizou Lula, reafirmando o compromisso do país com a integração regional e a promoção da justiça social, do desenvolvimento sustentável e da soberania dos povos latino-americanos.
Por Cristiane Ferreira
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