As exportações brasileiras de produtos siderúrgicos e automotivos para os Estados Unidos somaram US$ 6,4 bilhões em 2024, segundo levantamento com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que foi divulgado nesta segunda-feira (7). O valor representa um importante fluxo comercial com um dos principais parceiros econômicos do Brasil, mas agora pode estar sob ameaça com a recente decisão do governo norte-americano de impor tarifas adicionais sobre importações provenientes de diversos países, incluindo o Brasil.
A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, prevê sobretaxas de pelo menos 10% sobre produtos brasileiros, com percentuais ainda mais altos para outros mercados. A justificativa do governo dos EUA gira em torno da proteção da indústria local e do combate ao que considera práticas comerciais desleais.
O impacto imediato dessas tarifas poderá ser sentido especialmente em setores como o aço e o alumínio. Juntas, essas duas categorias responderam por aproximadamente US$ 4,7 bilhões das exportações brasileiras aos Estados Unidos no ano passado, com destaque para produtos semiacabados de ferro ou aço e chapas de alumínio. O setor automotivo, por sua vez, representou cerca de US$ 1,7 bilhão, com embarques significativos de autopeças e veículos montados.
Em comunicado recente, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) já havia se manifestado contrária às tarifas, destacando os riscos de retração econômica global e inflação. A entidade defendeu a adoção de uma resposta diplomática estratégica por parte do Brasil, preservando os interesses comerciais de longo prazo do país. “Diversificação e abertura de mercados, novos ou tradicionais, devem ser prioridades do Governo brasileiro”, pontuou a ABAG.
Especialistas em comércio exterior alertam que, caso não haja negociação para reverter a medida, a indústria nacional pode ser forçada a redirecionar parte de sua produção a outros mercados, o que exigiria novos acordos comerciais e adaptação logística. A médio prazo, o Brasil também pode acionar mecanismos legais na Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas, sob o argumento de que a imposição fere regras multilaterais.
O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda não se manifestaram oficialmente sobre as possíveis estratégias do governo brasileiro. No entanto, no Congresso Nacional, ganha força o Projeto de Lei 2.088/2023, que prevê mecanismos legais para respostas comerciais a medidas adotadas por outros países que prejudiquem o sistema produtivo nacional.
Enquanto isso, empresários dos setores afetados acompanham com apreensão os desdobramentos e esperam uma atuação firme do governo para minimizar os impactos de mais uma turbulência no cenário do comércio internacional.
Por Cristiane Ferreira
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