Há 50 anos, a ciência nuclear é usada com êxito no mundo todo para combater pragas que impactam a produção agrícola e animal. Na terça-feira (15), o Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, e o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, assinaram um memorando de entendimento para aprofundar sua parceria na aplicação de tecnologias nucleares à agricultura. A primeira iniciativa conjunta será um projeto para a prevenção e controle da larva da mosca-do-berne do gado.
O acordo tornará possível o desenvolvimento de múltiplas iniciativas conjuntas em áreas como segurança alimentar, gestão de água e solos, controle de pestes e doenças e sanidade animal. No caso da larva da mosca-do-berne, que será o eixo de um projeto compartilhado, tanto o IICA como a AIEA já vêm trabalhando em países da América Latina e do Caribe no combate a essa doença do gado, que está causando graves prejuízos à produção de carne e de leite e às receitas dos produtores.
Uma das técnicas que podem utilizar energia nuclear é a dos insetos estéreis (TIE) que consiste em usar a radiação para esterilizar moscas machos que são criados em massa e, em seguida, soltos em uma zona-alvo, onde se acasalam com moscas fêmeas silvestres. Assim, elas não procriam e, com o tempo, a população de moscas silvestres diminui.
As técnicas nucleares também têm sido usadas em diversas partes do mundo para diagnosticar e monitorar vírus de maneira eficaz e evitar que se tornem epidemias.
A parceria já permite o trabalho conjunto no combate ao avanço da cepa Tropical Race 4 (TR4) do fungo Fusarium, doença que ameaça seriamente o cultivo mundial de banana. Com apoio do IICA, a AIEA capacitou cientistas de seis países da América Latina no uso de técnicas nucleares e afins para detectar e conter esse fungo, que coloca em risco a segurança alimentar e as receitas de milhões de pequenos agricultores.
Acordo
O documento foi assinado pelo diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, e pelo diretor geral do IICA, Manuel Otero, na sede da Agência em Viena, na Áustria. Otero e Grossi ressaltaram a importância da sinergia entre organismos internacionais, que deve incluir também autoridades nacionais e o setor privado, como o único caminho para enfrentar os desafios da segurança alimentar, que hoje estão no topo da agenda mundial.
“É uma enorme satisfação receber o diretor geral do IICA, cuja tarefa em benefício da segurança alimentar nas Américas é inestimável. Firmamos um acordo que potencializa a tarefa de cooperação que já estamos realizando em prol da divulgação de tecnologias nucleares com impacto positivo na agricultura e no bem-estar das comunidades rurais. Trabalharemos em iniciativas concretas e nosso desejo é que a colaboração com o IICA seja cada vez maior e mais positiva”, disse Grossi que, desde 2019, está à frente da organização do sistema das Nações Unidas cuja missão é promover a contribuição do desenvolvimento nuclear à paz no mundo.
“A presença territorial do IICA nas Américas e seu conhecimento técnico são fundamentais para fortalecer a entrada e a aplicação da ciência nuclear no continente a serviço do controle de pragas na agricultura e na pecuária. O IICA também é um aliado fundamental para que os projetos técnicos tenham maior impacto político”, acrescentou Grossi.
Doenças e mudança do clima
A AIEA e o IICA têm colaborado e trocado informações desde, pelo menos, 2007. O trabalho conjunto tem visado enfrentar novos desafios relacionados com a sanidade e a inocuidade dos alimentos. Foram desenvolvidas técnicas que oferecem controle de insetos sustentável, que é eficiente em termos de custos, além de ser inofensivo para o meio ambiente.
Otero destacou a importância da ciência e da tecnologia nuclear para enfrentar pestes e doenças que se acreditavam superadas, mas que têm ressurgido para limitar novamente a produtividade, devido à realidade da mudança do clima.
O diretor geral do IICA — que entende a agricultura como uma atividade essencial para a paz — ressaltou que os projetos de cooperação para a aplicação das tecnologias nucleares na agricultura é uma forma de tornar realidade o princípio de “Átomos para a paz”, que rege o trabalho da AIEA desde as suas origens, em 1957.
“A parceria do IICA com a AIEA que estamos fortalecendo tem um objetivo concreto, que é o de trabalhar juntos para enfrentar os principais desafios e obstáculos da agricultura nas Américas. Um tema-chave é o controle de pestes que, ao afetar os rendimentos, também impactam o bem-estar dos agricultores”, disse Otero.
“As perdas que a larva da mosca-do-berne está causando são enormes, a qual tem reaparecido, assim como outras doenças do passado. É hora de trabalhar de maneira coordenada, com outras agências internacionais e com o setor privado, e unir forças para enfrentar esse flagelo”, acrescentou Otero.
Fonte: IICA
Fique por dentro das principais notícias do Agro no Brasil e no mundo!
Siga o Agromais nas redes sociais: Twitter | Facebook | Instagram | YouTube.
Tem uma sugestão de pauta? Nos envie pelo e-mail: agromaisproducao@gmail.com.
Acompanhe nossa programação 24 horas na TV — Claro: Canal 189 e 689 | Sky: Canal 569 | VIVO: 587