Os morangos (Fragaria x ananassa Duch.) estão entre as frutas mais consumidas globalmente, sendo apreciados por suas características sensoriais e benefícios nutricionais, como altos níveis de fibras dietéticas, vitaminas, minerais e antioxidantes.
No entanto, devido à alta perecibilidade e vida útil curta – geralmente de apenas sete dias sob refrigeração – há grandes perdas no mercado, especialmente em países como o Brasil, maior produtor de morangos da América do Sul (Antunes et al., 2020).
Segundo a publicação científica internacional Food Chemistry, para enfrentar esse desafio, pesquisas recentes têm se concentrado no desenvolvimento de revestimentos comestíveis como uma solução natural e de baixo custo para a preservação dos morangos. Entre os diversos tipos de revestimentos em estudo, os baseados em polímeros como quitosana, amido e gelatina têm se destacado devido às suas eficazes propriedades de barreira, que ajudam a desacelerar o metabolismo das frutas, protegendo-as da contaminação microbiana e reduzindo a perda de umidade durante o armazenamento (Sousa et al., 2024; Chaudhary et al., 2020).
A quitosana, um biopolímero derivado da quitina presente nas cascas de crustáceos, é particularmente valorizada por suas propriedades biodegradáveis, não-tóxicas e antimicrobianas. Ela é frequentemente combinada com a gelatina, uma proteína obtida do colágeno, para melhorar a capacidade de formação de filme e otimizar seu desempenho como revestimento comestível. Além disso, as tendências mais recentes envolvem a incorporação de compostos bioativos nesses revestimentos, o que pode melhorar ainda mais seus efeitos preservativos. Esses agentes bioativos geralmente vêm de extratos vegetais ricos em compostos fenólicos, como os encontrados na casca da romã (Bertolo et al., 2022).
A casca de romã, um subproduto frequentemente descartado na indústria alimentícia, contém potentes antioxidantes, como punicalagina e ácido elágico, que demonstraram efeitos promissores na extensão da vida útil das frutas. Estudos anteriores mostraram que o extrato de casca de romã pode ser integrado com sucesso em revestimentos à base de quitosana, criando um material bioativo capaz de melhorar a preservação dos morangos (Bodana et al., 2024; Diaz-Herrera et al., 2023).
Neste estudo, os pesquisadores avaliaram os efeitos de revestimentos de quitosana/gelatina enriquecidos com extrato de casca de romã (CGPPE) nos morangos durante um período de armazenamento refrigerado de 12 dias. A hipótese era de que os compostos fenólicos do extrato de casca de romã reforçariam a estrutura polimérica do revestimento, proporcionando proteção aprimorada contra a perda de água, contaminação microbiana e outros fatores que contribuem para a deterioração.
Os resultados mostraram que os morangos revestidos com CGPPE apresentaram significativamente menor perda de peso e deterioração por fungos em comparação com os morangos não revestidos. No sexto dia de armazenamento, a perda de peso nos morangos revestidos foi inferior a 20%, enquanto nos morangos controle a perda foi superior a 40% ao final dos 12 dias. Além disso, os morangos revestidos mantiveram melhor firmeza e atividade respiratória, indicando uma melhor qualidade geral durante todo o período de armazenamento (Bertolo et al., 2022).
Em conclusão, os revestimentos de quitosana/gelatina com extrato de casca de romã mostraram grande potencial para melhorar a durabilidade e a qualidade dos morangos durante o período pós-colheita. A aplicação desses revestimentos reduziu a perda de peso em cerca de 12%, minimizou a deterioração por fungos em cerca de 30% e preservou melhor a firmeza e a frescura da fruta, tornando-os uma alternativa viável para aumentar a vida útil dos morangos e, possivelmente, de outras frutas perecíveis (Bertolo et al., 2022).
Fonte: Food Chemistry
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