A Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu o dia 29 de setembro como o Dia Internacional de Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos, com o objetivo de promover políticas que permitam reduzir a pobreza, a fome e ajudar a combater as mudanças climáticas.
Este é um debate que não podemos ignorar. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que, na América Latina e no Caribe, 11,6% da produção de alimentos se perdem desde a etapa posterior à colheita até a venda no varejo, sem incluir esta última. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 19% do fornecimento total de alimentos é desperdiçado, incluindo os desperdícios em domicílios, serviços de alimentação e varejistas em todo o mundo.
Na América Latina e no Caribe, as perdas e desperdícios de alimentos (PDA) geram uma pegada de carbono de 300 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), o que representa cerca de 540 kg de CO2 por pessoa ao ano, cifra superior à média mundial de 500 kg.
As PDA constituem um problema global com consequências econômicas, sociais e ambientais de grande alcance, e sua prevenção e redução exigem políticas e ações integradas, promovidas pelos diferentes setores e atores dos sistemas agroalimentares.
Diante disso, as inovações tecnológicas surgem como uma nova solução para reduzir o impacto das perdas e desperdícios de alimentos nas mudanças climáticas em nosso planeta.
Para prevenir e mitigar os impactos das PDAs, é fundamental impulsionar tecnologias para o uso eficiente dos recursos naturais e da energia, que reduzam a poluição ambiental e as emissões de gases de efeito estufa durante os processos de produção, prolongando a vida útil dos alimentos e mantendo sua segurança durante a pós-colheita, armazenamento ou processamento.
Assim, iniciativas inovadoras, como métodos biotecnológicos para transformar alimentos vencidos em matéria-prima para a indústria de ração animal, a implementação de embalagens inteligentes e sistemas de blockchain para evitar o desperdício de alimentos por motivos que não têm relação com sua segurança, podem fazer a diferença nesse campo.
Essas tecnologias também podem apoiar a transição para modelos circulares, aproveitando de forma mais eficiente os recursos e reutilizando os fluxos de perdas e desperdícios de alimentos, possibilitando, por exemplo, a recuperação e redistribuição de alimentos como frutas, hortaliças, grãos e tubérculos minimamente processados para projetos sociais ou bancos de alimentos. Da mesma forma, essas inovações poderiam permitir a gestão dos desperdícios em programas de alimentação escolar e serviços de alimentação ou planejar a comercialização e/ou rotação de produtos nos pontos de venda para consumo final.
A prevenção das PDA continua a apresentar desafios regionais, como o acesso a financiamento para inovações tecnológicas, práticas mais eficientes na agricultura familiar ou produção em pequena escala, e a geração de dados para entender qual a quantidade de alimentos que se perdem ou são desperdiçados, em que parte da cadeia de suprimentos se concentram e quais são as causas.
Reduzir e prevenir as perdas e desperdícios de alimentos é fundamental para a transformação dos sistemas agroalimentares em sistemas mais eficientes, resilientes, inclusivos e sustentáveis, diminuindo a pegada climática durante a produção e o consumo, e contribuindo para a segurança alimentar e a nutrição. Impulsionar novas tecnologias é um mandato para alcançar esse objetivo.
Por: Daniela Godoy, Oficial Superior de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da FAO para a América Latina e o Caribe
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