O momento atual não é favorável para os produtores de milho no Brasil. O setor enfrenta um cenário de custos elevados e baixa rentabilidade.
O produtor rural César Augusto Gelain está apreensivo com a safra que se inicia. Segundo ele, a conta não fecha.
“Pela produção que estou tendo, com o preço que está valendo um produto hoje, mas é muito difícil fechar a conta né? Então assim, até mesmo os projetos da próxima safra 24/25, vão acabar sendo afetados em questão de investimento e se vale a pena continuar plantando o tamanho de área de milho safrinha”, disse.
Gelain tem uma produção de 800 hectares de milho, as condições climáticas e a ação de pragas derrubaram a produtividade na propriedade, chegando a colher 90 sacas por hectare onde antes ele conseguia produzir 170 sacas.
Segundo a Conab, o Brasil deve ter uma queda superior a 12% na produtividade do milho na Safra 2023/2024. A área plantada também diminuiu cerca de 6%.
Além da queda da produção, o produtor brasileiro se preocupa com a cotação do milho tanto no mercado interno, quanto no mercado externo. De acordo com o Cepea, o último índice da Bovespa para o grão é de queda superior a 1,5% no último mês e no mercado de Chicago, Estados Unidos, a queda no ano supera os 18%.
Para consultor em agronegócio e colunista do Agromais, Silmar Muller, a recuperação do setor no Brasil é complicada por um conjunto de fatores. De acordo com ele, a safra nos Estados Unidos está superando a expectativa e a área ficou acima do projetado no início do ano. Outro fator trazido por Silmar, é a recuperação da Argentina, que está colhendo uma ótima safra neste ano e trazendo o país de volta ao mercado internacional.
“Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais do cereal e na América Latina a situação não é muito diferente. A Argentina se recuperou da quebra do ano passado e está colhendo uma safra bastante boa esse ano, pouco abaixo da expectativa por conta de ataque de pragas, mas ainda é uma safra bem maior que a do ano anterior, então a Argentina volta com força para o mercado internacional”, afirma Muller.
A Conab estima que as exportações brasileiras do grão atinjam 33,5 milhões de toneladas para safra 2023/2024, quase 39% menos do que no mesmo período anterior. Com maior oferta no mercado interno, a tendência é de queda nos preços do milho. Uma das estratégias seria o produtor segurar a venda até uma retomada dos preços, mas em alguns casos, isso não será possível.
“Quem tem milho para colher ou colhido e que possa esperar um momento mais para frente, depois de setembro, outubro ou novembro, acredito que vai ter melhor condição de comercializar do que nesse momento. Nós estamos no momento da colheita da safra e nesse agora muitos agricultores precisam vender. Seja porque não tem armazém, seja porque precisa de dinheiro e por isso há uma superoferta momentânea e nesse momento o preço cai mesmo”, argumenta o extensor rural da Emater/ DF, Carlos Antônio Banci.
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